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作者简介:张建光,中国作家协会会员、福建省文史研究馆馆员、中国朱子学会顾问、第四届福建省南平市政协主席。向习近平总书记等领导人介绍过朱子文化。创作出版了《浪漫山水》《朝圣山水》《涅槃山水》《欧风美雨》《武夷风》等多部散文集,有多篇作品获国家级、省级一等奖。

Zhang Jianguang
É membro da Associação de Escritores da China, funcionário do Instituto de Pesquisa em Cultura e História da Província de Fujian, conselheiro da Sociedade de Estudos de Zhu Zi da China e presidente do 4.º comitê da cidade de Nanping de Fujian da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). Apresentou a filosofia de Zhu Zi a Sua Excelência o Secretário-geral do Comitê Central do PCCh, Xi Jinping, e a outros líderes. Publicou várias antologias de prosas, incluindo Paisagem Romântica, Paisagem de Peregrinação, Paisagem de Nirvana, Os Ventos e Chuvas da Europa e América do Norte e O Vento de Wuyi. Várias obras dele conquistaram o primeiro lugar em premiações nacionais e provinciais.

山之谜


三百万年前,我们的地球经历了第四纪冰川的浩劫,古生物的动植物大部分灭绝了。但是科学家对武夷进行考察后却没有发现第四纪冰川的任何痕迹。武夷山保存了地球同纬度地带最完整、最典型、面积最大的中亚热带原生性森林生态系统。有个简单的概念,武夷的物种种数是欧洲的六至七倍,自一八二三年以来,国内外生物学家在武夷山采集到的动植物特种模式标本近一千种。这在世界上是极为罕见的。武夷山大千世界里,万类相互依存、相互制约、相互冲突、相互平衡。每个生物都作为生物链上的一环有序地联结在—起。万类自由,竞相向上,谱就了一首大自然和谐共荣的永恒生命和弦!
一九九九年三月,联合国专家莫洛伊博士就武夷山能否加入《世界遗产名录》前来考察,他对一切都满意,唯一放心不下的是武夷山的物种是否是世界同纬度之最、具不具备唯一性?专家回到北京,建设部安排北京大学陈昌笃教授与之见面,两位生物学家坐在了一起。陈教授向其展示了在国际上发表的有关武夷山物种情况的著作,表明了自己的观点和论据。莫洛伊教授听后十分折服,认定“武夷山是全球生物多样性保护的关键地区”。回国后,他向世界自然及资源保护联盟(IOCN)递交了意见十分肯定的报告。也是这位陈昌笃教授根据武夷山保护自然、呵护山水的历史,撰文指出武夷山的环境保护比美国早了数百年。
武夷山人尊崇自然、呵护山水来自传统。汉武帝刘彻于公元前一二八年,遣特使到武夷山封祭武夷君,同时将武夷山划归今日浙江省的会稽郡管辖。这在《史记·封禅书》明文记载。陆游有诗曰“少读封禅书,始知武夷山。”距今一千三百年前的盛唐晚期,笃信道教的唐玄宗,大封天下名山,武夷山被列为道教三十六洞天之一,名曰升真元化洞天。朝廷明令:所有受到封表的名山,一定要保护好山林,严禁砍伐。五代十国之一的南唐皇帝命令属下护卫其弟李良佐“驾幸闽北武夷修养”,辞荣进入“会仙观”出家,诏告武夷山“方圆一百二十里与本观护荫,并禁樵采、张捕。”武夷人把这一律令镌刻在景区的岩石上,也深深地烙印在脑海里。公元九九九年,即北宋咸平二年,宋真宗御书“冲佑观”匾额,换了“会仙观”的名字,并派员到武夷山管理山水,来者皆为四品、五品官员,官职为主管提举,前后共派一百四十五人,其中有陆游、辛弃疾、刘子翚、朱熹等名人大家。北宋淳化五年(公元九九四年),崇安县正式建县,武夷山水从此有了地方政权管理保护。还值得一提的是,宋朝以后,历代皇帝数十次遣使到武夷山升真洞投送金龙玉筒,祈求武夷神灵护国佑民。在朝廷眼中,武夷山是神圣之山。社会主义革命和建设时期,武夷山还得到中国共产党两代主要领导人的直接关怀。一九三〇年的暮冬初春,毛泽东同志率红四军西越武夷山,兴致高昂的吟下“今日向何方,直指武夷山下。山下山下,风展红旗如画”壮美诗词,驱散了山中阴霾,指点了如画武夷。一九七八年十一月,正是中国实现伟大历史转折的党的十一届三中全会召开前夕,邓小平同志看到了反映当年闽北森林遭受砍伐的《光明日报》内参,立即提笔作了“请福建省委采取有力措施”的重要批示,并在“保护”二字下面划上重重的两条杠,直接促成了国务院将武夷山列入全国首批重点自然保护区。他用如椽巨笔凿出了庇荫人类的幸福源泉。武夷山从此拥有了永恒的春天。
武夷山水能千古如斯,诸种生命悠然自得其中。除了政府主导型的保护之外,还得益于当地百姓的环保自觉,得益于深深植根人们心中的中国生态文化观念。也许是武夷这方生态乐园万物向荣的昭示,也许是长期“格物致知”不倦探索思辨的结果,朱熹天才地猜到了大自然的规律和秘密,不是生于斯却长于斯的他,继往开来创立了新儒学——朱子理学,竭力主张“天人合一”之道。读透人生世情的耄耋大学者季羡林在《阅世心语》中说道:“‘天人合一’观是中国古代文化最古老最有贡献的一种主张,也是中同古代哲学的重要基调,更是中国古代论人生之最高宗旨。”在季老看来,《周易·乾卦·文言》说“‘大人’者与天地合其德,与日月合其明,与四时合其序,与鬼神合吉凶,先天地而天弗违,后天而奉天时”,所谓“天人合一”就是人类和自然和谐统一为一体。当然,“天人合一”观不限于儒家,包括道家释子以及东方印度的“梵我合人”的思想。只不过朱子理学是南宋以降统治阶级的思想,代表着主流文化和时代精神,又对武夷山影响最为深刻罢了。闽北研究朱子的专家张品端先生阐述了朱熹的生态价值观,认为朱熹确立了“天地万物一理”的基本观,提出“万物与我为一,自然其乐无涯”,天人一理,才能达到人与自然和谐之目的,确立了事亲之道以事天地,发挥了孟子“亲亲而仁民,仁民而爱物”的观念。“视万物如己之侪辈”的生态道德;确立了贯彻生态伦理的原则,提出“取之有时,用之有节。”为了做到资源的可持续利用,他坚持“中和”的生态思想。聚其不同的事物而得其平衡,即谓“和”。“和实生物”:“五声和,则可听;五色和,则成文;五味和,则可食”,所谓“中和”也就是“中庸”,它是儒家人生智慧的核心理论。朱熹认为:“致中和,天地位焉,万物育焉”,“万物并育于其间而不相害。四时日月,错行代明而不相悖”。中国理学有个很重要的特征就是泛道德论,它不仅对人际关系作出规范,而且向人与万物以及自然界拓展。现在回头看看,中国古代文化是“极高明”学问,富有时代的前瞻性。有学者认为西方文化是“一分为二”,而东方文化则是“合二为一”,所以在处理人与自然的关系方面迥乎不同,西方的指导思想是征服自然,而东方思维主张自然万物浑然一体。西方人自命为“天之骄子”“地球的主宰”,而东方人视大自然为朋友兄弟,了解它、认识它,然后有所索取。好在到了十九世纪七十年代,德国生物学家赫克尔提出了“生态学”这一名词。二十世纪八十年代德国学者胡伯提出现代化与自然环境互利耦合的现代化理论。生态文明颠覆了工业文明的观点,强调看重生命和自然界的价值,摈弃工业文明“反自然”文化,抛弃人统治自然的思想,走出人类中心主义的陷阱。工业文明使人类思维导入“分析的时代”人们与自然相对立,力图征服自然。工业化、现代化的发展,人们对大自然无休止的索取、掠夺和践踏,造成资源的枯竭、森林的锐减、荒漠扩大,物种加速消亡,全球气候变暖、变怪,地球已越来越不堪人类需求的重负,越来越面临生态恶化带来的毁灭的可能,人类正遭遇着因为生态失衡而带来的死神威逼。有人呼吁要通过生态文化对人们进行启蒙,把生态意识和责任意识渗入公众的心灵。这是人类历史上第二次启蒙运动。近代思想启蒙运动完成了它最初的目标,人性的解放。然而实现人的全面解放没有自然的参与是不可能成功的,“因为自然是人的无机身体”。这些生态文化仿佛是向东方思想回归。“近百年来,世界人类文化所宗,可说全在欧洲。”季羡林老先生断言,“‘三十年河东,三十年河西’,解决世界性生态问题的办法就是以东方文化的综合思维模式来济西方的分析思维之穷”。
我没有把握肯定这一判断,但是现代生态伦理文化确与朱熹的生态价值观有异曲同工之妙。武夷山水保护实践验证了朱子理学的生态主张。

 

 

 

O Mistério das Montanhas

Há três milhões de anos, nosso planeta viveu as devastadoras glaciações do período quaternário, nas quais a maior parte da flora e fauna paleontológica se extinguiu. Mas os cientistas que examinaram a montanha Wuyi não encontraram vestígios dos glaciares quaternários. A montanha preservou o maior e mais completo ecossistema típico de floresta nativa da zona subtropical central àquela latitude em todo o planeta. Para facilitar o entendimento: o número de espécies na montanha Wuyi é seis a sete vezes superior ao da Europa, e desde 1823, biólogos nacionais e estrangeiros recolheram na montanha espécimes de quase mil espécies especiais de plantas e animais. Está é uma condição extremamente rara no mundo. Na grande montanha Wuyi, as espécies dependem umas das outras, se restringem, se enfrentam e constituem relações de equilíbrio. Cada ser vivo está ligado a outro de forma ordenada, como um elo na cadeia biológica. Todas as espécies estão livres, elas competem e evoluem formando um acorde de vitalidade permanente de harmonia com a natureza!
Em março de 1999, o Dr. Molloy, especialista das Nações Unidas, veio visitar a montanha Wuyi para analisar se ela poderia ser incluída na Lista do Patrimônio Mundial. Ele ficou satisfeito com tudo, o único quesito sobre a qual não tinha certeza era se as espécies na montanha eram realmente as mais únicas e numerosas do mundo àquela latitude. De volta a Beijing e sob a coordenação do Ministério da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural da China, o especialista teve um encontro com outro biólogo, o Prof. Chen Changdu da Universidade de Pequim. Durante a reunião, Chen lhe mostrou obras publicadas em periódicos internacionais sobre a situação das espécies na montanha Wuyi, e também expôs seu ponto de vista e seus argumentos. Muito impressionado, o Dr. Molloy concluiu que “a montanha Wuyi é uma área-chave para a conservação da biodiversidade global”. Ao regressar a seu país, o especialista apresentou à União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) um relatório com comentários bastante favoráveis. O próprio Prof. Chen Changdu escreveu um artigo a respeito da história da conservação ambiental na montanha, onde argumentou que proteção ambiental começou ali centenas de anos antes que os Estados Unidos dessem início a iniciativas semelhantes.
Os habitantes da montanha Wuyi têm uma tradição de respeito e proteção para com a natureza. Em 128 a.C., Liu Che, Imperador Wu da Dinastia Han, enviou um emissário à montanha Wuyi para honrar o Senhor Wuyi, o deus da montanha, e para colocá-la sob a jurisdição de Kuaiji, que atualmente está na província de Zhejiang. Isto foi apontado explicitamente nos Registros do Historiador – Capítulo de Oferenda. Lu You escreveu em seu poema: “Quando criança, li o Livro de Oferenda, foi então que conheci Wuyi e a montanha”. Nos anos finais do auge da Dinastia Tang, há 1.300 anos, o imperador Xuanzong, também um grande adepto do taoísmo, prestou homenagens às montanhas principais do território, e a Wuyi foi nomeada uma das trinta e seis “Dongtian” taoístas e entitulada como “Shengzhen Yuanhua Dongtian”. O governo imperial da época decretou explicitamente que todas as montanhas famosas homenageadas nas cerimônias fossem protegidas do desflorestamento. O imperador da Dinastia Tang do Sul, do Período das Cinco Dinastias e dos Dez Reinos, ordenou a seus guardas que escoltassem seu irmão Li Liangzuo para “aprimorar seu espírito na montanha Wuyi no norte de Fujian”. O irmão renunciou o estado real e começou sua via monástica no templo taoísta “Hui Xian Guan”. O imperador então decretou que “a área num raio de cento e vinte lis é guardada pelo templo, fica proibido o corte da madeira e a caça”. Os residentes de Wuyi entalharam esse decreto nas rochas da área, hoje turística, e o registraram bem fundo na mente. Em 999, isto é, no segundo ano do período Xianping da Dinastia Song do Norte, o então imperador, Zhenzong, escreveu para o templo taoista uma tabuleta intitulada “Chong You Guan”, substituindo o antigo de “Hui Xian Guan”, e enviou oficiais para gerir a montanha Wuyi. Os oficiais que vieram foram do quarto e quinto pin, com a posição de “Tiju” (administrador no comando). Entre eles estavam Lu You, Xin Qiji, Liu Zihui, Zhu Xi e muitas outras figuras importantes. No quinto ano do período Chunhua da Dinastia Song do Norte (994 d.C.), o condado de Chong’an foi oficialmente estabelecido, e os recursos naturais da montanha Wuyi passaram a ser administrados e protegidos pelas autoridades locais. Também vale a pena mencionar que, após a Dinastia Song, os imperadores subsequentes enviaram dezenas de oficiais para entregar os objetos rituais feitos de ouro e jade com figuras de dragões a fim de rezar ao deus de Wuyi pela proteção e benção do Estado e povo, pois aos olhos do governo imperial, a montanha Wuyi era um monte sagrado. Mais tarde, no período da revolução e construção socialistas, a montanha recebeu o cuidado direto de duas gerações dos grandes líderes do Partido Comunista da China (PCCh). No início do inverno de 1930, o camarada Mao Zedong levava o Quarto Exército Vermelho a atravessar as montanhas Wuyi rumo ao oeste e, cheio de entusiasmo, compôs os versos: “Hoje, qual é a nossa direção? Rumo ao sopé de Wuyi, esta montanha. / Ao sopé, ao sopé da montanha, signas acesas pintam uma exibição.” Com versos magníficos, Mao dissipou as trevas na montanha e teceu comentários sobre a pitoresca de Wuyi. Em novembro de 1978, na véspera da Terceira Sessão Plenária do 11.º Comitê Central do PCCh, sessão em que a China chegou à sua grande encruzilhada histórica, o camarada Deng Xiaoping leu uma edição interna do Guangming Daily que relatava a desflorestação na província de Fujian. Ele escreveu imediatamente uma importante instrução, o “Comitê Provincial do PCCh de Fujian deve tomar medidas efetivas” sobre o assunto, e sublinhou várias vezes a palavra “proteção”. O acontecimento resultou ato contínuo na classificação pelo Conselho de Estado da montanha Wuyi como uma das primeiras reservas naturais importantes da China. A caneta de Deng era como um cinzel gigante a esculpir nas rochas uma fonte de felicidade para a humanidade. Por isso a montanha Wuyi foi dotada de uma eterna primavera.
A paisagem de Wuyi sempre acomodou muitas espécies vivendo à vontade não só graças à conservação orientada pelo governo, mas também devido à consciência ambiental enraizada na população local. O conceito chinês de conservação natural está profundamente fixado na mente do povo. Talvez foi uma revelação do próspero paraíso ecológico em Wuyi, ou talvez o resultado do longo estudo “em busca do conhecimento até o extremo”, mas Zhu Xi genuinamente adivinhou as leis e segredos da natureza. Ele alcançou o autodesenvolvimento e lançou os fundamentos do neoconfucionismo — a Escola Lixue de Zhu Zi — que defendia o princípio de “unidade da natureza e do homem”. Ji Xianlin, um grande ancião estudioso, diz no seu livro Palavras Internas sobre o Mundo que, “A ‘unidade da natureza e do homem’ é uma das noções mais antigas e mais valiosas da cultura clássica da China, uma tônica das filosofias antigas e o pináculo dos princípios da vida na China antiga.” No Qian Gua no Wenyan do I Ching, “O grande homem é aquele que está em harmonia, em seus atributos, com o céu e a terra; em seu brilho, com o sol e a lua; em seu procedimento ordenado, com as quatro estações; e em sua relação com o que é afortunado e o que é desventuroso, em harmonia com as operações semelhantes ao espírito da Providência. Ele pode preceder o Céu, e o Céu não agirá em oposição a ele; ele pode seguir o Céu, mas agirá somente como o Céu na época faria.” Na opinião do Sr. Ji, a “unidade da natureza e do homem” significa a humanidade e a natureza em harmonia. Claro, a noção de “unidade da natureza e do homem” não é exclusiva ao confucionismo, é interpretada também pelas filosofias taoísta, budista, e ainda pelo hinduísmo como “moksha”. A razão de ela ser a dominante foi ter sido adotada pela classe governante depois da Dinastia Song do Sul, então a escola neoconfucionista “Lixue”, simbolizada por Zhu Xi, representou a cultura e o pensamento dominante por muitas eras, além de exercer profunda influência na montanha de Wuyi, Zhang Pinduan, um especialista na filosofia de Zhu Zi do norte de Fujian, explica os valores ambientais do sábio argumentando que Zhu estabeleceu o conceito básico de que “existe só um princípio que rege todos no mundo”, e propôs que “se todas as coisas forem unas em mim, a felicidade naturalmente não conhecerá limites”. Apenas ao seguir o princípio de unidade ser-natureza é que se pode alcançar a harmonia entre a natureza e o homem. Zhu Xi também ensinou que se deve tratar a natureza como a um familiar, elaborando a noção de Mêncio de que “deve-se ser mostrar disposição carinhosa ao povo em geral, e bondade para com os seres da natureza”. A ética ecológica de “tratar todas as coisas como nossas companheiras” estabeleceu princípios éticos ambientais e propôs a noção de que o “aproveitamento deve ser na altura certa e com moderação”. Em prol da utilização sustentável dos recursos, ele aderiu à ideia ecológica de “equilíbrio e harmonia”. Sua “harmonia” significa reunir as coisas diferentes para alcançar um equilíbrio. “Quando a harmonia é alcançada, todas as coisas podem crescer e se desenvolver”: “com os cinco tons, ouve-se a música; com as cinco cores, escreve-se um discurso claro; com os cinco sabores, tem-se a culinária”. O dito “equilíbrio e harmonia” é o “Zhong Yong” (curso do meio), a teoria central da sabedoria confucionista sobre a vida. Segundo Zhu Xi, “quando os estados de equilíbrio e harmonia forem aperfeiçoados, uma ordem feliz prevalecerá em todo o céu e em toda a terra, e todas as coisas serão nutridas e florescerão”, “todas as coisas são nutridas juntas sem que se machuquem umas às outras”, como “as quatro estações em seu progresso alternado, e o Sol e a Lua em seus brilhos intercalados”. Uma característica importante da Escola Lixue é o seu pan-moralismo, que não regula só as relações humanas, mas também se estende àquelas entre a humanidade, a natureza e tudo o que existe. Em análise retrospectiva, percebe-se que a cultura chinesa antiga era extremamente avançada com presciência do porvir. Alguns investigadores têm argumentado que a cultura ocidental é “uma divisão em duas partes”, enquanto a oriental é “uma união das duas”, pelo seu entendimento das relações entre o homem e a natureza, que são bem distintos: o princípio ocidental se focaliza na conquista da natureza, enquanto o pensamento oriental defende a integração dela com todos os seres. Enquanto os ocidentais se enxergam “favorecidos de Deus” e “dominadores da Terra”, o povo oriental vê a natureza como amiga e irmã, e busca a conhecer e compreender para só então se beneficiar em alguma medida. Felizmente, na década de 1870, finalmente aconteceu a criação do termo “ecologia” pelo biólogo alemão Ernst Haeckel. E nos anos 80, Joseph Huber, outro erudito alemão, propôs a teoria da modernização ecológica segundo a qual o meio ambiente é acoplado à modernização e beneficiado por ela. A civilização ecológica revolucionou vários conceitos da civilização industrial ao enfatizar o valor da vida e do meio ambiente e ao rejeitar a cultura “antinatural” da industrialização e a ideia de que o homem é dominador da natureza; este é um modo de pensar que evita a armadilha do antropocentrismo. A civilização industrial nos levou a uma “era de análise fragmentada”, em que os seres humanos se opõem à natureza e tentam conquistá-la. Com o desenvolvimento da industrialização e a chegada da modernidade, o ser humano explorou, pilhou e prejudicou em excesso a natureza; como resultado, houve o esgotamento de recursos, o desmatamento, a desertificação e a aceleração da extinção de espécies. O planeta, mais sobrecarregado pelas necessidades humanas, aqueceu, e o clima tornou-se menos previsível; A Terra tem uma maior oportunidade de destruição provocada pela deterioração do habitat. A humanidade está diante de uma ameaça de morte devido ao desequilíbrio ecológico. Há quem faça apelos ao esclarecimento ecológico das massas e procure instilar nelas a consciência e responsabilidade. É um segundo Iluminismo. O Século das Luzes conquistou seu objetivo original de emancipar humanidade, mas a realização plena desse objetivo não pode ter êxito sem a participação da natureza, porque “a natureza é o corpo inorgânico do homem”. Estas realizações parecem caber aos orientais. “A Europa, por assim dizer, foi o lugar de origem de toda a cultura humana do último século.” Mas como afirmou o erudito Ji Xianlin, “A mudança é a única constante. A solução para os problemas ecológicos mundiais é preencher as lacunas das ideias analíticas ocidentais com os modelos de pensamento orientais.”
Não assegurar a veracidade da afirmação dele, mas as éticas ecológicas modernas têm muitas similaridades com os valores ambientais de Zhu Xi. E as práticas de conservação da natureza na montanha Wuyi, por sua vez, validaram as proposições ecológicas da filosofia da Escola Lixue de Zhu Xi.

© 2019 - Revista Literária Pixé.

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