Setembrou –
e Iansã deu o ar da graça - ventos cortantes 
varreram a poeira vermelha do asfalto, 
granizos fustigaram e raios alumiaram 
todos os cantos do planalto. 

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Xangô, que acompanhava os passos da amada,
irritou-se com tanta sujeira acumulada 
e lançou um balaio de gritos retumbantes.

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Aos berros, acordou todos os viventes do mar de Xaraés
apavorando o povo das serras, planícies e chapadas
que, protegidos, invocavam desesperados
a mansidão de Oxumaré.

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Eu, que a tudo assistia desde a véspera,
através da janela envidraçada,
bendisse cada gota de água derramada.

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Há meses que a mãe natureza se enfureceu 
com o desmazelo dos filhos da terra, 
e o fogo grassa sobre os domínios de Oxóssi. 

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Arroboboi! Salve o Senhor das águas supremas!

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Enfim os ipês brancos estão livres para derramar suas floradas;
com elas o cerrado se engrinalda
e a Morena se rende, faceira,
aos encantos da primavera.