Sérgio de Carvalho Rodrigues
É de Caxito e nasceu em 1987. Reside na Ingombota, onde estudou Língua Portuguesa e Comunicação pela UMA. Mestre em Estudos Didáticos, Culturais, Linguísticos e Literários pela UBI, é doutorando em Literatura pela Universidade de Évora. A dedicação à criação literária norteou a sua trajetória académica. Técnico sénior do Ministério da Educação, professor e pesquisador, o escritor publicou no Cultura, Jornal Angolano de Artes e Letras e noutros periódicos. Colabora na Editora Alma Azul pela qual tem poemas na Antologia Poesia da Língua Toda (no prelo), que celebra a língua portuguesa. Publicou A Oratura na Literatura Angolana: O Conto, a Lenda e a Poesia (2019).
O MAR, O CÉU E NÓS
Por mais que nele chova a água doce,
Nunca o mar deixa de ser salgado,
Jamais o mar transborda.
Por mais que nele chova e os rios nele vão dar,
Nunca o mar deixa de ser salgado,
Jamais o mar transborda.
Tem a cor do céu,
Porém mais cor do que o céu,
Ou será o céu que tem a cor do mar?
Mais cor do que o mar, até.
A verdade é que o céu e o mar têm a cor um do outro.
A cor é nenhuma,
Pois aprendi que o mar é imensa água com alma.
A cor da alma é nenhuma,
A cor da água é nenhuma.
O céu é imenso ar com alma.
A cor da alma é nenhuma,
A cor do ar é como a cor do mar.
Somos nós o céu,
Somos nós o mar.
A água que desce do céu
É a água que sobe para o céu,
A água que sai do mar
É a água que volta ao mar.
Nossa boca traz o ar do céu
E nossos olhos a salgada água do mar.