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Sandra Modesto 
É mineira de Ituiutaba. Graduada em Letras e Pós-graduada em Educação, ambos os cursos pela FEI (Fundação Educacional de Ituiutaba). É autora dos livros “Acenda a luz” (prosa poética, editora Kazuá, 2015) e “Tudo em mim é prosa e rima” (Autografia, 2019). Tem textos publicados na revista digital Literalivre e na revista Philos, sendo nessa última uma “Releitura da obra de Chico Buarque”. É membro do “Mulherio das letras” desde abril de 2019 e Cronista no site Crônica do dia.

PRONOMES

Ela chegou sem calcinha, sozinha, disposta a conquistar desejos insanos, não revelados até então. Era nua a decisão, transparente a ocasião, dar de tudo. Chegou revelando explosão. Foi direto ao ponto, mostrando dedos molhados, lábios de cima a baixo, arrepios e calafrios, calor de quem queria dar só pra ele.


Ele chegou meio sem jeito, com um nó peito. A despeito de encontrá-la tão diferente, pensou em desistir de tudo, mas, no fundo sabia… Isso jamais aconteceria. Tudo era quase nada do que ainda queria sentir ao lado de alguém, e o alguém era ela.
Pensando em tudo que viveram no passado, ela se fez toda ela. Disse de tudo, do mais profano ao profundo, do mais quente ao insolente, parecia que nem era ela, e sim, alguém que não conhecia. 


Ele ficou assustado, mas, logo, logo, colocou-a no colo, beijou-a por todos os lados, queria lamber por inteiro o que sempre o deixou exausto de prazer. Inteiramente sem nexo, perdeu a timidez e com toda nitidez fez dela o seu sexo demente.
Como uma corrente de murmúrios, gritos que deixam surdo quem tem vontade de gozar, eles “treparam” até que o dia gemesse.
A vida germinou por gemidos sem fim.


Desencantou até o romance mais meloso, um olhou para o outro e queriam mais. Fizeram mais. Suaram mais. Mais uma vez, o suor de amantes, perfeito para quem desejava há dias… Meses? Anos? Horas? Não sabiam mais. Apenas sentir o gosto da pele, do sexo, a libido que parecia não existir se fez sem modéstia, a pressa e as horas de tanto prazer, um querer a dois…
Bobagens ao pé do ouvido, lambidas atrás da orelha, enfiadas, aberturas, cenas filmadas que dariam um filme pornô. E os dois, ela e ele, não precisavam de exibição além do lugar em que se encontravam. Um infinito particular, um lugar só para os dois voltarem a ser o que sempre foram.


— Nós queríamos tanto, tanto, demoramos muito a fazer tudo isso. Eu sempre quis te comer assim, sem receio, passear pelos bicos dos seus seios, agitando a brasa que eu pensava não ter mais. 


— Eu sempre tive certeza dessas nossas travessuras em cima da mesa, da cama, do chão, são coisas do coração, da ação que se traduz, do sexo que se faz amante. Eu não aguentava mais segurar a vontade de dar a você meu sexo molhado sem me importar com desespero, quero assustar minha alma.


— Calma, agora não tem mais desculpas, temos que assumir nossa culpa e navegar até quando o mar secar. 
Ele e ela formaram “nós”, elos, tão belos. 


Nada mais interessava. A vida descruzada com o tempo? O tempo perdido após tantos anos? Tantos fatos?


O ato estava ali e tinha que ser real. Com o efeito de namoro no começo, sabores, sensações indecifráveis que só aos apaixonados interessam saber ou não saber.


Ele abriu o espumante, ela deu uma olhadinha na taça, encarou-o com os olhos felinos. 


Naquele momento, ele se lembrou de uma certeza: ela apreciava ainda, e como! Um copo duplo de cerveja. Com espuma.


Plumas dos travesseiros voaram em meio a tanto sabor.


Calor de corpos, água salgada escorrendo matando saudades.


Verdade! Depois de tantas despedidas, sempre às escondidas, sem nunca irem embora, ela e ele ainda eram os mesmos. Sentiam os mesmos absurdos, beijos que transitam entre o sexo e o querer, sem medo… Promessas eternas. Sem dor. Vontade que o sentimento nunca mais se acabasse. Os devorasse até o fim.


Ela e ele não tinham nomes. Eram apenas fragmentos de eterno amor.


Amor em mim.

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