Roberto Medina
É escritor, tradutor, crítico literário e teatral, Doutor em Literatura e Teatro (Póslit-UnB), doutorando em Psicanálise (PPGPsiCC-UnB), professor de pós-graduação na Fundação Brasileira de Teatro – FADM (Direção Teatral) e de pós-graduação em Estúdio f/508 de Fotografia – Unyleya (A imagem como suporte da Imaginação).
GEOMETRIA DAS MÃOS
como se o chão de pedra fosse,
traria o sono do mistério –
minério do beijo-algodão,
traria, na quadratura da pele,
a geometria das mãos,
traria o tempo,
o tempo em que os bichos calculavam os pingos da chuva,
e nós voávamos na flor,
traria a caverna – de onde as palavras espiam belezas,
traria as cinzas do fogo
do desejo que arde dengoso,
traria teu nome-lençol
me cobrindo de formas amorosas,
como se o chão de pedra fosse.
RÉCITA DO MUNDO
este gesto, o cadáver do desejo
palavra em cena
e corporeidade de sangue
algo vive enquanto te amo
coreografia do explícito e reconhecível
desértico terreno de linguagens
te esquivas e me poetizas
sem a palavra de deus, sem deus
e brutalizas as formas
o espírito urge de fogo
semeias cinzas e sopro
e o verbo sonha os possíveis da carne