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Paula Quinaud 
É doutoranda em design, com enfoque em gênero – por desafio  (ED-UEMG). Mestre em gestão social e educação - por ainda ter esperança (UNA). Especialista em arquitetura contemporânea e cinema - por interesse (PUC-Minas). Designer de ambientes e produtos - por profissão (ED-UEMG). Professora e coordenadora universitária - por pura vocação (ED-UEMG). mãe em tempo real – por um amor imenso. Catadora de palavras por necessidade absoluta... produção acadêmica vasta e participação em antologias. Autora do livro ‘atrevidas’ (Editora Patuá, 2020). 

hoje é preciso a cor.
o gracejo, um carinho, só um pouco de ar.
sacar um poema tão bravo que vire semente,
e brote nos muros e tome a cidade.
já é urgente o reparo, a bravura, a mistura.
o canto do galo, do mato ou do beco.
saber entender entre linhas,
e gritar só com os olhos, pintar os cabelos.
depois se espalhar pela rua,
e valsar pela praça até que faltem pés.
mostrar cada pedra de chão, cada pano de mão,
que a maldade marcou quando a noite caiu. 
tomar as escritas por armas,
e trançar entre os dedos se a voz não sair.
contar com o retorno da lua, cuidar do amigo.
esconder bem as asas...
que ainda se pode voar.

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belo dia e o verso não vem.
mais arteiro que mau, perde a hora.
pois se a musa não faz de rogada,
o verbo se faz de ninguém.
a catarse vital se faz longe.
e a palavra servil, caprichosa,
sai dançando entre riscas e notas.
e arisca e distante e louca,
some grave...
e a rima, que é tanta, anda prosa.
ri marota, ao farrapo da escrita.
rima rota!
sem rumo e sem eixo.
diz.com.texto.
e assim fica tudo estancado.
abafado.
a consciência plena.
o sentimento plano.
e o poema, adiado...
mas a alma pelada de medo,
vai  vagando ao bailado da sorte. 
só e sempre.
como eterna catadora de palavras.

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