Pablo Rezende
É filho de dona Ilda, poeta e professor de Língua Portuguesa, Literatura e Redação da Rede Pública do Estado do Mato Grosso. É graduado em Letras – Português/Inglês pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e Mestrando em Estudos Literários pela Universidade do Estado do Mato Grosso (UNEMAT). É autor do livro O dever e o haver, publicado pela Literata, em 2011. Têm poemas publicados em várias antologias poéticas nacionais e internacionais.
SENTIMENTO
Das águas que não correm entre as pedras
Dos galos que não cantam pelos quintais
Das pedras que não se retiram dos caminhos
Dos caminhos suspensos por águas, galos, pedras e quintais
Dos olhares que não se cruzam e não se operam.
Intransponível
Da ansiedade que corrói meus nervos ópticos
À saudade que tilinta às seis da tarde todos os dias
Da angústia diária, dos livros abertos de poesia
Do verso preso ao reflexo de meus olhos tortos
Da noite escura, do rosto esbranquiçado.
Às dores que sinto
Muito.
Das flores que se abrem e não se encantam
Dos túmulos abertos e dos caixões fechados
Do gesto alvo e dos dentes escuros
Do dúbio, da cor que se apaga e se ascende
Das coisas que são e não podem ser
Do coração preparado para o amor
Do coração partido pelo o amor.
Multiplicidade das coisas que se repetem
Da pele ao corpo que se transfigura todos os dias
Da cegueira à saudade
Da angústia à poesia
Do reflexo ao aprisionamento do verso
(em meu olho torto)
Da noite ao rosto esbranquiçado
às dores
(que sinto
sinto
Muito.)