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Olga Maria Castrillon-Mendes 
É professora do Curso de Letras da Universidade do Estado de Mato Grosso/UNEMAT, dos Programas de Mestrado Profissional em Linguagem/PROFLETRAS e Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários/PPGEL/UNEMAT. É Sócia Efetiva do Instituto Histórico e Geográfico de Cáceres e da Academia Mato-Grossense de Letras; Líder do Grupo de Pesquisa “Questões históricas e compreensão da literatura brasileira” (CNPq/UNEMAT/2002). Integra os Grupos: RG Dicke de Estudos em Cultura e Literatura de Mato Grosso (CNPq/UFMT). É autora de Taunay viajante: construção imagética de Mato Grosso (Cuiabá: EdUFMT, 2013) e Discurso de constituição da fronteira (www.unemat.br/publicações/e-book, 2017), além de artigos em periódicos e coletâneas nacionais e internacionais.

O UNIVERSO PLURAL DA CULTURA

Eu me lembro de um texto de Alfredo Bosi que defende a ideia do heterogêneo e do múltiplo na constituição da cultura brasileira. Não nega a relação operante desta com a política, pelo menos como esperamos acontecer. São forças invisíveis, ou no dizer do teórico, “representações sociais e forças psíquicas” que atuaram e atuam na vida individual e coletiva. Historicamente, foram manipuladas de variadas formas de modo a homogeneizar comportamentos, muitas vezes utilizados como matrizes ideológicas. Ao afirmar que “a cultura é plural mas não caótica”, Bosi admite a sua radiação em todos os aspectos da vida social, a mutação constante a que se expõe e o dinamismo decorrente do movimento humano no tempo/espaço de significação.  


A base dos seus estudos é a literatura brasileira, por isso está à vontade para pensar sobre as singularidades dos processos das múltiplas interações e oposições que nos constituíram. E qual seria essa “cultura de resistência”? Em que grau está sendo observada na escola, nas comunidades e nas redes sociais? A pluralidade das identidades culturais, opondo-se à uniformização dominante nos coloca em harmoniosa celebração da diferença nas relações sociais, democracia e justiça social em meio às dominantes relações de poder. A celebração do plural que desencadeie e fortaleça ações articuladas às práticas sociais em defesa da diversidade da vida humana desatrelada da discriminação, preconceitos ou excludência. Mesmo na polissemia do termo, impõe-se compreender o fenômeno, a noção de valor em suas realidades objetivas e subjetivas?


Em um mundo cada vez mais caótico, globalizado (gosto da imagem da fluidez de Zygmunt Bauman), as identidades se respaldam na noção que temos de cultura. Em maior ou menor grau, ela se fortalece na diversidade. O grande desafio hoje está na dose exata que fazemos das questões não excludentes, principalmente ao se levar em conta as relações imputadas pelas novas tecnologias e ao novo mundo imposto por elas. O discurso aí engendrado constrói sentidos que entram diretamente na forma como organizamos nossas ações e mesmo na concepção que temos de nós mesmos. Seria repensarmos a nossa paidéia, inserindo-nos no vasto círculo dos povos, resultado de um processo de múltiplas interações e oposições, o que parece adquirir um novo estatuto social necessário à reelaboração semântica e histórica, constituindo-se parte dos sentidos adquiridos pela educação e pela cultura.

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