Max Lima (Rio de Janeiro, 1992)
É um músico e poeta brasileiro. Mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, possui poemas publicados em prestigiosas revistas e blogs literários. É autor do livro Tetraplegia das Coisas, lançado em 2020 pela editora Patuá.
ANDRÔMEDA
levantar-se cedo
por os pães sobre a mesa
juntar os cacos cintilantes de um copo que se partiu
rezar cada conta do terço perolado um número fixo de vezes
em seu dia de 24 horas a mãe jamais medita sobre
buracos negros ou sobre a morte das estrelas
cada um de seus suspiros cabe dentro de alguns segundos cada um de seus passos cabe dentro
[de alguns minutos cada um de seus tombos cabe dentro de uma vida amém
filho, há muito o que ser feito, veja
filho, há este cristo para sempre crucificado na parede, orai por ele
filho, há o relógio insaciável na parede, dê-lhe de comer
filho, há este rombo enorme na vida: mergulhemos
façamos do aqui um ensaio cronometrado para o que há de vir
fujo e fujo: calcando escadas – estrelas
subo fundo rumo ao mundo da lua
onde o tempo é outro a vida é outra tudo outro
mas um caco de vidro no chão beija meus pés
me recorda que a mãe já está morta
em outra realidade, porém, ela está aqui
acesa
tirando a poeira cósmica dos móveis