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Marta Cocco

É natural de Pinhal Grande-RS, formada em Letras, doutora em Letras e Linguística, professora de Literaturas da Língua Portuguesa na graduação e na pós-graduação da UNEMAT-MT. Faz parte do grupo de pesquisa LER: Leitura, literatura e ensino – UNEMAT/CNPq. Ganhadora de vários prêmios literários, já publicou cinco livros de poemas (Divisas, Partido, Meios, Sete Dias e Sábado ou Cantos para um dia só), dois de crítica literária (Regionalismo e identidades: o ensino da literatura produzida em Mato Grosso, Mitocrítica e poesia), um de contos (Não presta pra nada) e, com este, três infantis (Lé e o elefante de lata, Doce de formiga e SaBichões).

TRANSEUNTE

Entre o objeto e a forma
da sombra sufoco interno
com ares de cidade à noite
passos lentos uniformes
caminhava consigo conforme
a ânsia de fugir
a esperança de luzir
vagar somente.
Vagalume
desnorteado
pela bruma e pelo consciente.

 

(Divisas, 1991)
 

LONGA VIDA

Nas noites em que não uso lentes
faço as pazes com o travesseiro.
Fecham-se os olhos e eles não sentem
um coração que viaja no dia que se foi.
Quero um amanhecer sem sangue
quero a felicidade das pedras.
(É por isso que duram tanto?)

 

(Meios, 2001)
 

ANTES DO SONO

Um grilo, na noite
assusta meu modo de parar
os olhos no nada
por muito tempo
por pouca coisa
ou coisa sem medição.
O corpo ajeita o peso
sobre um sofá
que me suporta com desconfiança
enquanto o pensamento vai às ruas
grita, canta, chora
entra nos recintos doentios e febris
de uma cidade que é outra
quando alguns movimentos repousam.

Começam a doer as articulações
quando um susto me retorna à atividade
de levar o corpo para a cama
e para o gran finale
de um dia de poeira calor
pernas em aceleração
coração e boca
em estado de coma.

 

(Sete dias, 2007)
 

© 2019 - Revista Literária Pixé.

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