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Marta Cocco 
É natural de Pinhal Grande-RS, formada em Letras, doutora em Letras e Linguística, professora de Literaturas da Língua Portuguesa na graduação e na pós-graduação da UNEMAT-MT. Faz parte do grupo de pesquisa LER: Leitura, literatura e ensino – UNEMAT/CNPq. Ganhadora de vários prêmios literários, já publicou cinco livros de poemas (Divisas, Partido, Meios, Sete Dias e Sábado ou Cantos para um dia só), dois de crítica literária (Regionalismo e identidades: o ensino da literatura produzida em Mato Grosso, Mitocrítica e poesia), um de contos (Não presta pra nada) e, com este, três infantis (Lé e o elefante de lata, Doce de formiga e SaBichões).

CORTE

Na hora fetal,
haja sangue!
        Formação.
Na hora natal,
haja sangue!
       Arrebentação.
Na hora geral,
haja sangue!
        Circulação.
Na hora laboral,
haja sangue! 
        Expropriação.
Na hora fatal,
haja o sangue que houver
                   Decomposição.

Saiba em vida:
O único banco que te pertence é o do sangue.

Quanto mais, menos.
       Mais depósitos,
        menos pertencimentos.

Saldo em vida:
        raros vampiros
        e uma legião de doadores.

Quem quer que seja
que seja sabendo o que é.

Servido na bandeja.

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