Marília Beatriz de Figueiredo Leite
É professora fundadora da UFMT, adjunta nível IV; mestre em Comunicação e Semiótica, pela PUC-SP. Ocupa a cadeira nº 2 da Academia Mato-grossense de Letras. Publicou O mágico e o olho que vê (Edufmt, 1982) e De(Sign)Ação: arquigrafia do prazer (Annablume, 1993) e Viver de Véspera (Carlini e Caniato, 2018).
AÇOITE
Cruzo as ruas estreitas
Sinto calafrio
Não vejo nada colorido
Na noite o corpo dolorido
Pelo açoite
E basta respirar
Minha cabeça flutua
Ao som da chibatada
Que corta como a foice...
O mistério da noite
Traz o cometa que escorre
Os miseráveis da noite
Não buscam o reviver
Apontam para a fuga
Espancados, drogados
Passeantes esculhambados
Sem ter horizonte para saciar
A vida.