Maria Clara Bertúlio
É artista multidisciplinar, graduada em Teatro pela UNEMAT e aluna regular do curso de Letras na UFMT, desenvolve pesquisa voltada para área da Literatura Negra e dedica-se a processos experimentais entre as linguagens do teatro, poesia e performance sob uma ótica afro-diaspórica.
O ANTIRRACISMO GREGO
Quando me sinto um peixinho na xícara
quem a mim o ódio evita?
Quem, frente a minha dor,
tiver postura solícita
É porque sabe das mágoas
que vivencia a cor,
da posição política.
Do racismo “santo” de cada dia,
da relativização que legitima
e faz o racista bom,
ser racista de academia.
Que escuta e nega certas epistemologias...
Mas quer apropriação,
sem discutir racialização,
racismo estrutural e eugenia.
Acham até que falam melhor que os preto
sobre eles mesmos,
“tenta no outro ano...”,
“você não tem chance”,
“nossa, como cê tá “por dentro hein!”
Mas na verdade tá é com medo!
Da legitimidade que temos para escrever e falar
sobre assuntos que nos dizem respeito.
E não têm o mínimo respeito,
se o preto se sai melhor: silencia,
manipula e, até a auto estima intelectual dele:
destrua.
Mas sem levantar bandeira...
Vai pesquisando sobre psicologia,
filosofia e literatura negra
Vai falar melhor que eles,
“com certeza”.
Faz, mas não estimula as pretas,
E o seu narcisismo branco
Ah, isso fica p’ras calendas gregas!