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Mari Gemma De La Cruz 
É artista visual-etc, desde 2013, quando, aos 50 anos, inicia como autodidata na fotografia autoral e na arte contemporânea, com diversas exposições e prêmios nacionais e internacionais. Alguns anos antes, começa sua escrita poética. Nasceu em Porto Alegre (RS), em 1962, e vive em Cuiabá, Centro Geodésico da América do Sul, há cerca de 30 anos. Nessa cidade, desenvolveu um olhar que define ser ‘sócioambientalespiritual’. Antes disso, foi farmacêutica/servidora pública e professora/pesquisadora, sendo Mestre em Saúde e Ambiente, cuja pesquisa gerou o livro “Plantas Medicinais de Mato Grosso: a Farmacopéia Popular dos Raizeiros” (Carlini & Caniato, 2008). Ministrou aulas em cursos de graduação, pós- graduação, cursos de extensão e oficinas junto às comunidades.

VIDAS MARIAS

Vive em mim muitas Marias
de Jesus, de Magdala, Maria João
todas com suas virtudes
ou mazelas em mutação.
Vive também Maria Taquara,
Maria vivida,
atrevida,
Maria sem medo,
sem perfeição.
Com garra e valentia
seguiu sua sina com resignação.
Não disfarçava o que era,
na sua humildade
dizia ao que viera:
ser flor de Maria 
sem vergonha
de ser mulher, homem, humanidade.
Com vida lavada na transgressão,
com vida levada à digressão.
Todas vidas Marias 
renovadas pela esperança e fortidão.

LETARGIA

O cimo do nariz toca o pavimento.
Contornos brutos circundam unhas.
O tronco está estendido em superfície embebida.
Escorrego, passo.

Sinais, línguas, tocatas: dois, dez, vinte pés
passam, escorregam.
A paralisia vibra em ecos.

O golpe visual
no poste é vela incolor.
O golpe visual inala, gela, aspira
escorrega e passa.
Vira ofício do mundo
na esquina.

© 2019 - Revista Literária Pixé.

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