![acrílico&guache-sobre-papel-canson-A3-(7).jpg](https://static.wixstatic.com/media/dd13ef_5e7ac6a3c05c4e21907a1c322c2cdf90~mv2.jpg/v1/fill/w_49,h_68,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,blur_2,enc_auto/dd13ef_5e7ac6a3c05c4e21907a1c322c2cdf90~mv2.jpg)
![Marcelo Labes.jpg](https://static.wixstatic.com/media/dd13ef_43e19e415b77498a9ea11f5fcfaac471~mv2.jpg/v1/crop/x_1,y_0,w_552,h_554/fill/w_221,h_222,al_c,q_80,usm_0.66_1.00_0.01,enc_auto/Marcelo%20Labes.jpg)
Marcelo Labes
(1984) É natural de Blumenau e reside em Florianópolis-SC. É autor, dos romances Três porcos (Caiaponte, 2020) e Paraízo-Paraguay (Caiaponte, 2019) e dos poemas de Enclave (Patuá, 2018).
o pai já saberia de todos os jogos
porque teria arrumado uma tabela
(de onde?) os resultados anotados
pontualmente e depois as siglas
dos países que disputam as fases
finais. hoje jogam polônia e frança,
ele já saberia e faria uma cara de
dúvida virando assim o pescoço
ou faria um sinal com a mão querendo
dizer que - quando foi que o pai
perdeu a voz? - viria ali uma pelada,
porque disso o pai sabia, e de muitas
coisas mais, embora duvido que
soubesse onde fica o qatar, esse
país distante, coisa que com um
mapa-múndi uma projeção o
google maps eu resolveria ao
mostrar e dizer fica aqui, ó, perto
da arábia saudita. ele faria aquele
gesto de cabeça que queria dizer
entendi como queria dizer obrigado.
e se trouxéssemos a taça, então o pai
preencheria os dois últimos espaços
da tabela com um sorriso no rosto
ainda que eu não tenha certeza se
ele sabia escrever e tenha certeza
absoluta de que os mortos pouco
ou nada comemoram.