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Lucinda Nogueira Persona

Escritora, poeta, professora e membro da Academia Mato-grossense de Letras. Nasceu em Arapongas, PR, e vive em Cuiabá, MT. Estreou na poesia em 1995 com o livro Por imenso gosto. Publicou, entre outros: Ser cotidiano (1998), Sopa escaldante (2001), Leito de Acaso (2004), Tempo comum (2009), Entre uma noite e outra (2014) e O passo do instante (2019).

O SAPO E O PIRILAMPO

(Por onde começar?)
talvez, pela beira do brejo
onde o sapo espera
esconso e jururu
com enorme apetite
seu notório jantar

 

(e lá vou eu a vagalumear)
por sendas de graça
maciez de brisa
piscando esverdeado
acendo e apago
pra quem vai me jantar

 

(é tão fácil rimar)
neste som corriqueiro
que dizem ser pobre
mas chega a ser belo
como ir pelos ermos
a lampejar

 

(pirilampo a dançar)
sob lua minguante
perfil ameaçante
afiada foice
no pescoço da noite
suspensa no ar

 

(coisa de pasmar)
dirigir-me ao brejo
para ser comido
por faminto anfíbio
ir ao próprio enterro
sem me horripilar

 

(e pra terminar)
eis ali o bronco
volumoso e teso
olhar nefasto gelado
língua projetável
pegajosa língua
para me agarrar
                em pleno voo
(na falha da rima e
de outra sextilha).

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