Lorenzo Falcão
“Nasci inexplicavelmente para ser poeta”, reconhece Lorenzo Falcão na breve biografia que acompanha “mundo cerrado” (assim mesmo sem maiúsculas por opção do autor). “O cerrado é meu lar e a poesia, o meu mundão sem porteira”, conclui o jornalista, que nasceu em Niterói (RJ), mas cresceu em Mato Grosso, “entre barrancos, pedras e sombras”, e trabalha há muitos anos como jornalista na área de cultura.
FAZES FEZES
eles querem
para sempre estacionados
na zona de conforto
ficar
sapeando a terra úmida
no brejo das almas
acadêmicos de plantão
permanentes seres
a não estar
no lugar incomum
rumo ao futuro
a lição de bandeira
para sempre esquecida
à meia-haste
no exato lugar
pobre de espírito
tudo aquilo que fazes
não passa de fezes
que dão sequência
à parca sopa de letrinhas
sua cotidiana refeição
na beira da lagoa
ronda a sua imaginação
e este verso é pra você
bundão/bundona
nádegas mais
a dizer