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Lorenzo Falcão

“Nasci inexplicavelmente para ser poeta”, reconhece Lorenzo Falcão na breve biografia que acompanha “mundo cerrado” (assim mesmo sem maiúsculas por opção do autor). “O cerrado é meu lar e a poesia, o meu mundão sem porteira”, conclui o jornalista, que nasceu em Niterói (RJ), mas cresceu em Mato Grosso, “entre barrancos, pedras e sombras”, e trabalha há muitos anos como jornalista na área de cultura. 

LORDE BOSTA

quando faço novidade
vem de dentro
meus olhos flagram
e é centro
da minhatenção.

meu verbo é fálico
falo e falho
às vezes apático
noutras não
nada a dizer.

busco o novo
palavras e olhares
meus dos outros sorvo
olho mudo seco
leio escrevo.

nada digo
que vem de fora
e adentro meu umbigo
reviro e viro
o que sou.

o que ainda serei
mais pra frente
lorde bosta ou rei
talvez quem sabe
um dia.

faço parte de gentes
que nada fazem
além de presentes
como inutilidades
práticas e pratico.

AUTOBIOGRÁFICO

eu tenho uma raiva
que nem sempre sei do que é.
e tenho aquele carinho todo
e tolo também.

eu sou assim
é a resposta que’ncontro
diante de indagações
que me são intimadas.

humanizado
entre fracasso e sucesso
não passo sem sexo
e otras cositas más.

e tem mais um pouco:
tudo aquilo que penso
e surge como palavra escrita
autobiográfico era pra ser.

até hoje,
até amanhã
e até que me provem
o contrário

© 2019 - Revista Literária Pixé.

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