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Lorenzo Falcão
“Nasci inexplicavelmente para ser poeta”, reconhece Lorenzo Falcão na breve biografia que acompanha “mundo cerrado” (assim mesmo sem maiúsculas por opção do autor). “O cerrado é meu lar e a poesia, o meu mundão sem porteira”, conclui o jornalista, que nasceu em Niterói (RJ), mas cresceu em Mato Grosso, “entre barrancos, pedras e sombras”, e trabalha há muitos anos como jornalista na área de cultura.
LORDE BOSTA
quando faço novidade
vem de dentro
meus olhos flagram
e é centro
da minhatenção.
meu verbo é fálico
falo e falho
às vezes apático
noutras não
nada a dizer.
busco o novo
palavras e olhares
meus dos outros sorvo
olho mudo seco
leio escrevo.
nada digo
que vem de fora
e adentro meu umbigo
reviro e viro
o que sou.
o que ainda serei
mais pra frente
lorde bosta ou rei
talvez quem sabe
um dia.
faço parte de gentes
que nada fazem
além de presentes
como inutilidades
práticas e pratico.
AUTOBIOGRÁFICO
eu tenho uma raiva
que nem sempre sei do que é.
e tenho aquele carinho todo
e tolo também.
eu sou assim
é a resposta que’ncontro
diante de indagações
que me são intimadas.
humanizado
entre fracasso e sucesso
não passo sem sexo
e otras cositas más.
e tem mais um pouco:
tudo aquilo que penso
e surge como palavra escrita
autobiográfico era pra ser.
até hoje,
até amanhã
e até que me provem
o contrário