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Lorenzo Falcão

“Nasci inexplicavelmente para ser poeta”, reconhece Lorenzo Falcão na breve biografia que acompanha “mundo cerrado” (assim mesmo sem maiúsculas por opção do autor). “O cerrado é meu lar e a poesia, o meu mundão sem porteira”, conclui o jornalista, que nasceu em Niterói (RJ), mas cresceu em Mato Grosso, “entre barrancos, pedras e sombras”, e trabalha há muitos anos como jornalista na área de cultura. 

VENTANIA

 

quando a gente não tem
absolutamente nada na cabeça
a hora mais apropriada
é essa.

sem papel caneta lápis
ou computador à tiracolo
é chegado o momento:
bradar e empinar versos
ao vento.

que se faça o poema
e depois a implacável decisão:
o que fazer com ele! 

 

DOCE VIDA

tacho de cobre fumegando
no fogão à lenha
odores que se espalham
aguçando narinas

colher de pau gigante
rodopia e busca o ponto
contracenando
no crepitar da lenha

remotas recordações
adocicam a memória
infância
a doce vida

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