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Lorenzo Falcão

“Nasci inexplicavelmente para ser poeta”, reconhece Lorenzo Falcão na breve biografia que acompanha “mundo cerrado” (assim mesmo sem maiúsculas por opção do autor). “O cerrado é meu lar e a poesia, o meu mundão sem porteira”, conclui o jornalista, que nasceu em Niterói (RJ), mas cresceu em Mato Grosso, “entre barrancos, pedras e sombras”, e trabalha há muitos anos como jornalista na área de cultura. 

BEIJO

ainda estou aprendendo
a te conhecer melhor.
sigo suas pistas
e reparo no seu cabelo
todas as vezes
em que nos encontramos.
às vezes nem te beijo
e é quando mordo sua sombra.
têm dias que te beijo
e então tudo fica
mais ou menos confuso.
você é mulher musa
que surgiu numa dessas esquinas da vida
pra sacudir o meu destino.
te conheci e te gosto
mas gostaria de saber te usar melhor.
cadê o seu manual de instruções?

 

 

 

 

 

 


PINGUIM


o pinguim
é o santo da geladeira.
cumpre que fique sobre ela
           a fim

de largar de besteira
e animar a festa da cozinha.
a casa toda, aliás,
é uma festa.
olho pela fresta
da porta da cozinha
e vejo o pinguim sobre a geladeira:

ele está imponente
e atrás de si
tem apenas um iglu imaginário
todo feito de cubinhos de gelo.
está quente pra caralho
e vai derreter essa merda toda.

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