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LJorge
É marido, pai, professor, fagotista, cristão e leitor apaixonado por clássicos.
A TERCEIRA MARGEM
Não se sabe a razão, porque isto aconteceu,
D’ele deixar tudo pra trás, e decidir ir flutuar,
Nunca mais sentiu a terra, nem o molhado do orvalho,
Somente sol, frio e chuva, fome, a lua e o breu,
Aquele cujo sangue, maldito, vem aqui me devorar,
Gerou uma pulsante culpa, e estou nela afogado.
Porque eu fui tomar, esta benção maldita?
Que aqui ficou cravada, feito uma sanguessuga!
Venha embora, não nos deixe,
Largue pra lá, essa promessa,
Deixe de haver, essa doidura,
Veja a gente crescer,
Nos tornar mulher e homens,
Pois pra nós o tempo voa,
Mas aí, ele só flutua,
Porque eu fui tomar, esta benção maldita!
Porque eu fui tomar, esta benção maldita!
Porque eu fui tomar, esta benção maldita!
Um dia a vida aconteceu, e com ela veio a esperança,
Do retorno esperado, e do fim desta doidura,
Mas só veio a ausência, silêncio e decepção,
Lágrimas tantas como um rio, como este que flutuas,
Depois disto a morte certa, bubuiando sem ternura,
Despedidas e adeus, deixaram eu só e a imensidão.
De vocação ou um propósito, estou escravo desta sina,
De fazer-lhe companhia, providências escondidas,
Mas pra mim, o tempo voa, pra ti ele só flutua,
Porque eu fui tomar, esta benção maldita?
A amendoeira floresceu, grande peso é o gafanhoto,
Chega desta desventura, sem mais horas partidas,
Pego seu peso e o carrego, e o meu fardo alivio,
Tantos anos como estátua, só mexendo braço e remo,
De repente os seus olhos, dão aceno, me arrepio,
Sinto que estou liberto, ou estou preso, nessa culpa?
Sinto que estou liberto, ou estou preso, nessa culpa?
Sinto que estou liberto, ou estou preso, nessa culpa?