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Lívia Mata 
Nasceu em Niterói e mudou para a Europa no início dos anos 90. Estudou Comunicação na Universidade de Viena. É diretora de arte especializada em design de revistas (liviamata.com). Escreve sobre o Brasil,  em alemão, para a mídia austríaca e, sob o pseudônimo de Lina Mares, escreve em seu blog crônicas e contos em português (strudeldebanana.com). Em janeiro de 2019 abriu em Viena o Botequim “Carioca” (@cariocawien), ponto de encontro de Ex-pats e amantes de boas cachaças e Feijoada.

A ATERIZAGEM DA FICHA BRASIL

Eu tinha acabado de chegar no Brasil. Deitei na cama exausta depois de quase 20 horas de viagem, dois aviões, esperas, dá um peito, dá outro peito e umas 10 fraldas sujas. O cheiro de feijão temperando no alho entrando pelas narinas. Mamãe mandando brasa no fogão e a dor nas costas confundindo minhas emoções. Mal conseguia me mover. Minha cunhada e muito amiga desde a infância chegou e deitou suas mãos abençoadas, de massagista profissional, nas minhas costas. Pra cima, pra baixo. Forte, fraco. Repuxado, esticado, encolhido. Ritmado, leve, fundo, denso… gostooooso.


Acabada a sessão, virei o corpo agradecida:


– Minha linda, que delícia. Muito obrigada. Quanto eu te devo? – E já fui catando a carteira. Num primeiro momento ela ficou meio atordoada mas depois falou claro e firme:


– Vai tomar no cu!


Choquei.  


– O quê?


– Vai tomar no cu, mulher, que pagar o quê! – Fiquei meio sem graça e depois relaxei: Ah, chegueil! Welcome home, Lina. Aterrizei na minha terra, onde pessoas amigas te mandam tomar no cu por cortesia e amor.

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