Larissa Campos
É uma pessoa inquieta por natureza. Respira arte! Gosta de se aventurar pela escrita e pela música. Não dispensa um bloco/caderninho de anotação e a companhia do violão. Profissionalmente, é jornalista, com atuação na área pública, além de bacharel em Direito.
CORAÇÃO SELVAGEM
Quem vê a vida assim
pelas telas
pode cair na ilusão
no doce abismo
que é pensar
que todo mundo
é feliz
e ponto.
Tudo vai bem
não há lágrimas
nem dúvida
tudo calmo
resolvido.
Desta cama
eu vejo o domingo
passar lento
feito filme
devagar
câmera lenta.
Domingo
chuva
porta fechada
cama desarrumada
vontade de te ver
mandar mensagem
deitar contigo
olhar o teto
os caminhos
o parque
as crianças.
Mas não dá
não tem teto
nem caminhos
nem crianças
nada.
Só uma segunda vida
um espirro de leveza
misturado com prazer
descobertas
desejos e
uma paz sem explicação
pode ser que um dia
pode ser que não…
Rápida, eu corto o sonho
rejeito essa faísca
calor estranho
incômodo
que me faz querer mais
hoje e amanhã.
Mas só temos o hoje
mesmo que o coração
feito cavalo selvagem
queira ganhar os campos
subir os montes
sonhar estrelas
e rodopiar
louco
inconsequente
pelas pastagens.
AMOR À MESA
Entre
escolha uma mesa
em breve
o amor será servido
Talvez não seja assim
tão breve
pode ser que demore
e você chame o garçom
para reclamar
Talvez venha encantador
prato lindo, quente
melhor sabor
tempero inesquecível
sem precedentes
Talvez venha frio
sem graça
vontade de devolver
chamar o garçom de novo
ir embora
Seja quente, seja frio
seja bom, seja ruim
é sempre experiência
aprendizado pra vida
lições de si
Mesmo que a lição seja
nunca mais voltar
ali.
PAPEL PASSADO
Quem sabe
se o teu relógio
se acertar ao meu
Quem sabe
se a tua vida
se acertar a minha
O tempo
tão implacável
pode ser amigo, pode ser irmão
Quem sabe
haja muitos caminhos
falta apenas ampliar a visão
E acertar os relógios
acertar a vida
que passa por mim e por você
Nem precisa atestado
porque viver, eu sei
não requer papel passado.