Klaus Henrique Santos
Reside em Sinop-MT e é membro da Academia Sinopense de Ciências e Letras (ASCL), nela ocupando a Cadeira 10, cujo patrono é Jack Kerouac. Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo. Publicou Páginas da Escuridão (2012), Enfim, a estrada (2014), Horror & Realidade: contos (Carlini & Caniato Editorial, 2015), No Compasso da Loucura (Carlini & Caniato Editorial, 2017) e A poesia mora no bar (Carlini & Caniato Editorial, 2018).
HALLOWEN
Hallowen no mês de outubro de algum ano da graça. Fomos todos fantasiados para o bar. Vi zumbis caminhando num ritmo que não era o dos mortos; belas enfermeiras mortas; heróis em desuso; personagens do cinema de terror e mitológicos, com improvisos deploráveis. Fui fantasiado de Conde Drácula, não só pelo apreço que tenho pela literatura, mas também como pretexto para morder o pescoço de alguma menina.
Naquela noite bebi somente vinho. Comprei um garrafa e ia me servir no balcão, apenas para ter uma desculpa para circular entre as mesas à procura da minha presa. Avistei Christine quando ela se levantou para ir ao banheiro. Tinha os cabelos vermelhos e o corpo repleto de tatuagens.Lembrava-me dela, talvez de outra vida ou, o que é mais provável, de alguma bebedeira num desses bares. Havia outras duas garotas na mesa dela, se beijando. Entornei o vinho quando vi Christine voltar e fui até ela. Preferi arriscar e levei a garrafa, para me servir de amuleto. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, a bela moça de cabelos vermelhos perguntou se havia sangue na minha garrafa. Sorri e disse-lhe que sim. Ela então me convidou para sentar a seu lado e, se possível, deixá-la beber, pois estava há dias sem se alimentar. Adverti-lhe que, uma vez convidados para entrar, os vampiros podem não mais ir embora. Desta vez foi Christine quem sorriu e disse que não haveria problemas, desde que eu não lhe deixasse o pescoço muito dilacerado.
Tomávamos vinho em copos americanos para cerveja. As outras duas garotas que estavam na mesa continuavam a se beijar e pareciam não ter me notado. Aproveitavam a penumbra do bar para satisfazer seu desejo. Eram beijos ardentes e voluptuosos, que me causavam inveja. Estava excitado e perguntei à Christine se não poderíamos fazer igual. Ela virou o copo de uma vez e me beijou. Sua língua habilidosa dançava em minha boca. Por fim, mordeu longamente meu pescoço, a ponto de arrancar-me sangue. Fiz o mesmo com ela e ela tornou a me morder. Retribui mais uma vez. Logo estávamos ensanguentados, mas a nossa sede parecia aumentar. Fomos ao chão, tirando as roupas. Transamos na festa e, a cada nova mordida, éramos nutridos pelo sangue um do outro. Isso nos deixava ainda mais excitados. Peguei Christine e joguei-a sobre a mesa, conectados num ritmo alucinante. As horas passaram e, por fim, nos cansamos. Somente nossas línguas lambiam o sangue da garganta alheia. Exaustos e extremamente satisfeitos, não tínhamos forças para levantar da mesa. Nossos corpos desapareceram com os primeiros raios de sol.