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Klaus Henrique Santos

Reside em Sinop-MT e é membro da Academia Sinopense de Ciências e Letras (ASCL), nela ocupando a Cadeira 10, cujo patrono é Jack Kerouac. Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo. Publicou Páginas da Escuridão (2012), Enfim, a estrada (2014), Horror & Realidade: contos (Carlini & Caniato Editorial, 2015), No Compasso da Loucura (Carlini & Caniato Editorial, 2017) e A poesia mora no bar (Carlini & Caniato Editorial, 2018).

MIRAGEM NOTURNA 

Acontecia todas as noites, sempre às 18 horas. O relógio, pontual, nunca atrasava. Durante o dia, havia, naquele ponto, apenas um terreno baldio tomado pela vegetação.


Assisti ao espetáculo centenas de vezes nos últimos anos. Pontualmente às 18 horas, o bar se materializava e junto dele os músicos e garçons. Expectador assíduo, cruzava diariamente o portão mágico. Era como se o ritmo frenético da noite anterior não houvesse sido interrompido, mas apenas paralisado e enviado aos confins do universo, para posteriormente retornar. Lembrando estátuas de cera as pessoas ganham vida e as cordas vocais retomavam o diálogo entre os garçons a partir do último pedido.


O bar ficava aberto até alta madrugada e se diluía com o nascer do sol. Numa das ocasiões em que a bebida me pôs para dormir na mesa, acordei no capinzal, com o sol forte acentuando a minha ressaca. Usava folhas e galhos como travesseiros. Desde então, decidi ficar. Meu domicílio tem sido nesse terreno há algum tempo. Juntei jornais e cobertores e passei a viver aqui, entre uma aconchegante moita de capim e um cajueiro, que me dá alimento.


Todos os dias, aguardo ansioso para que aconteça. Saio da toca no fim da tarde, limpo-me como posso e vou para o outro lado da rua esperar que a mágica mais uma vez aconteça. 

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