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Júlio Custódio 
Filósofo da Linguagem e da Lógica (atualmente com PhD em curso), tendo atuado como professor de Filosofia na UFMT. Também é músico, compositor,  arranjador e produtor musical; trabalhou com vários artistas entre eles Vanguart e Caio Mattoso, além de trabalhos solos. O livro de poesias Você derrubou coisas pelo caminho é sua primeira publicação literária.

MAIS UMA PLANTA MORRE NA JANELA

passou a hora da urgência, jovem
já está quase tudo pronto, indústrias, macacos
a vontade de oferecer outra coisa
pinturas, florestas, muita carne
velas acesas pois alguém talvez decidiu errado 
engraçado onde a intuição te leva até ficar tenso
te levanta a mão mas não acontece nada
na verdade tudo parece parado
nem dá pra ver a coisa que cresce
você distingue os gritos de ontem
dos de antes de ontem
ouve algo amassando do outro lado da porta
- toda hora te bate um desperdício diferente –
te vejo tentar algo mais afiado
alcançar uma chave que seja
semana passada morreu uma babosa
hoje cedo apodreceu outro cacto 
sinto desconforto na claridade da padaria
pessoas me olham como se soubessem de onde eu vim

ME DE DO CÉU O QUE SEI QUE NÃO EXISTE

já de início eu tentei o sossego
como um tronco lento sem alma
o último espírito livre com medo
de você nos dedos da meninada
que admirem o cheiro da sua terra
que admirem e aceitem a soltura que virá 
a energia pronta na tomada
tragam os aplausos para a nova presa
a árvore no quintal que hoje some
os chiados mais selvagens
que admirem o seu jeito de matar a fome 
a presença cheia de incompletude
sem suor, natureza, finitude ou nome 
num dia escondido da semana
entre fantasmas que emergirão
das tumbas de neblina sob a mesa 

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