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Jullie Veiga 
É poeta, antologista e escritora maranhense. É idealizadora dos projetos “Elas e As Letras” - ano II, “Nem Uma A Menos” e “Movimento Palavras Pretas”, obras feitas unicamente por mulheres. Com participação em dezenas de obras coletivas (livros e revistas), nacionais e internacionais, e autora de “Confessional” - livro integrante da “Coleção 32”, pelo selo Sangre Editorial (Caravana Editorial). Livros solo no prelo.

RESISTÊNCIA EM TOM MAIOR

Carrego a semente [vingada]
de toda a luta, desde minhas ancestrais
e que me remove presente-passado-futuro.
É essa natureza de resistir que me atravessa!
Palavra-salgada, palavra-liberdade, no rasgo de meus anseios.
Em tempos de sombras, desfaço-me dos tombos
e enfrento os percalços- até em meu grito camuflado de silêncio.
Meu sangue não estanca,
vai na tinta que derramo entre os dedos enquanto escrevo.
No canto de meu viver, muita dor extravasa da em notas de desconforto.
Mas na letra em dó maior:”Não tenha dó de mim”.
Eu que me sei de cor serei quem eu quiser Ser e não-Ser.
Invadida pelo desejo de pertencer-me
resisto, por mim e por todas as mulheres.
Até por aquelas que ainda dormem e não lutam comigo.

MINHA PALAVRA É ÁGUA QUE NINGUÉM REPRESA

A força da palavra em mim
É de antes
Vem das mulheres que me precederam
Atravessa tempos.
Faz movimentos antigos
Passeia pelo conhecido
Também por leitos outros [novos].
Habita recônditos:
Extravasa-se.
Extravasa-me.
Derrama-me.
Derrama-se.
Representação das águas de Osún:
Sentimentos. Profundidade. Segredo. Fertilidade. Força. Vida.
É água que ninguém represa.
A água segue.
A palavra segue.
Escrevo.
Asè.

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