Jaqueline da Silva Oliveira
É graduada em Letras/Inglês pela Universidade do Estado de Mato Grosso. Atualmente mestranda em Estudos Literários, também pela Universidade do Estado do Mato Grosso. Sua pesquisa consiste em comparar obras de duas escritoras africanas, a poeta angolana Alda Lara e a poeta moçambicana Noémia de Sousa, com intuito de desvelar a produção literária dessas mulheres em um período em que, tanto Angola, quanto Moçambique demostravam insatisfação com o totalitarismo implantado pelos colonos, e como estas mulheres usaram de suas vozes para denunciar e resistir a ditadura dos portugueses. Pesquisa também sobre feminismo, relações de gênero e a condição das mulheres negras na sociedade.
SOLIDÃO
Hoje pela manhã
Acordei com uma dor no peito
Aquela dor tamanha
De apertar a garganta
Deixar sem fôlego
E com vontade de chorar
Abri a janela
O sol estava a brilhar
Uma luz radiante
Tocou-me os olhos a lacrimejar
No entanto, a dor não foi embora
Voltei a deitar
Que tamanha solidão
Tomou conta do meu ser
Eu vejo o mundo trancafiado
Ninguém pode abraçar
A gente ama de longe
Se encontra pelo celular
Tô doente de saudade
Os meus mortos eu não posso enterrar
Tô depressiva
Fumo um cigarro, bebo cerveja
Só quero gritar
Choro abraçada à solidão
A monotonia do dia
Me engole a cada hora que passa
Eu olho para o relógio
Ele parece não andar
Parece cansado
Exausto, como o homem a trabalhar
O dia terminou
Ainda estou na cama
Faço companhia ao travesseiro
Enrolo-me nos lençóis
Adormeço
Amanhã haverá de ser um outro dia.