Janete Manacá
É atriz, escritora e poetisa, autora dos livros: “Deusas Aladas”, “A Última Valsa”, “Quando a Vida Renasce do Caos” e “Sinfonias do Entardecer”. Participou também da Coletânea “Sete Feminino de Luas e Marés” com 30 mulheres brasileiras. Autora da coluna mensal “Olhares sobre a cidade” da Revista Centro Oeste de 2016 a 2017. Autora dos Projetos: Sala Zen, Bate Papo Zen, Tempo de Amar e Parto poético, na Gerência-Executiva do INSS em Cuiabá/MT de 2005 a 2011. Atualmente é integrante do Coletivo Literário Maria Taquara – Mulherio das Letras/MT e do site Parágrafo Cerrado. É bacharel em Serviço Social, Comunicação Social e Filosofia, com especialização em semiótica da cultura pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
INVISÍVEIS
Quem ouve o grito
Das crianças do lixão
O choro das mães abandonadas
Perambulando entre a multidão
Quem oferece colo
Às crianças abusadas
E ouvidos atentos
Aos lamentos das madrugadas
Quem sacia a fome
Dos miseráveis nos viadutos
Que caminham sem direção
Com olhos voltados ao chão
Quem denuncia a exploração
A mão de ferro que esmaga a canção
O aborto dos sonhos de liberdade
A prisão perpétua da felicidade
Quem estende as mãos
Aos moradores de rua
Maltrapilhos, famintos
Invisíveis na tenebrosa escuridão
LAMENTOS DE GAIA
Cortaram as minhas asas
Quando fiz ninhos nas montanhas
Enclausuraram os meus sonhos
Quando clamei por liberdade
Desafinaram a minha música
Que inspirava gratidão
Envenenaram meus rios
Com a força da ambição
Mutilaram o meu corpo
Em busca da dourada ilusão
Destruíram as minhas matas
E sem piedade arrancaram meu coração