Jairo Periafricania
(nome artístico de Jairo Rodrigues Barbosa) é rapper, poeta, arteeducador e produtor cultural. Além de ter participado de algumas coletâneas literárias, tem o álbum solo O sonho não envelhece (2010), bem como um disco sem título em 2005; seu novo álbum será tem lançamento previsto para este mês. Colaborador do Sarau da Cooperifa, há aproximadamente 17 anos, participando ativamente da organização de seus eventos, tais como Semana de Arte Moderna da Periferia e de Mostras Culturais. Com a Cooperifa, participou de diversas turnês da Cooperifa pelo Brasil e pelo exterior. Já foi convidado a participar de atividades em SESCs, atividades culturais, presídios, shows e escolas da periferia. Também foi arteeducador durante cinco anos na Fundação Casa pela Ação Educativa.
UM POEMA
Rasga carne sangra dor brinda vida cura amor
Tá na multidão que o rap arrastou
Na voz no furor que Racionais cantou
Nos livros que o poeta Vaz eternizou
Nas negras raízes no conto do griot
No canto sagrado que uma tribo entoou
É canta a liberdade pra quem tá confinado
No povo unido caminhando lado a lado
No raro “déjà vu”, loucura insensatez
Onde forte sobrevivem, os fracos não tem vez
É o ser ou não ser... eis a questão
É respeitar a opção da irmã do irmão
Do jeito que quisé bem me qué mal me qué
No drible na ginga no grito de olé
É pai filho pro espírito é santo
Nos muros becos em todos os cantos
No sorriso no pranto no trago no gole
Na dor no peso da ressaca do porre
Na escrita perdida num velho pergaminho
E agora José? São as pedras no caminho.
Na imensa solidão daquele na sarjeta
Naquele rascunho esquecido na gaveta
Nas entrelinhas no subliminar
Nas metáforas que a vida não cansa de ensinar
No mistério da morte no enigma de marte
Num beijo roubado imitando a arte
Na frase sem crase no verso sem métrica
É usá e abusá da licença poética
Nóis fomo, nóis vai, vi ela tanto faiz
Verbo e mais consoantes e vogais
Na prosa a rima na trova o verso
Do nosso jeito simples complexo
Erudito popular entre o bem e o mal
La pra academia é um ser imortal
Aqui a poesia desfila no sarau
Cortejada por amantes etc. e tal
Morô, na moral, isso memo papo reto
É do nosso jeito é o nosso dialeto
A palavra escrita na canção que embala
Hey norma culta, se não me entende?
Psiu! Se cala...
BEL, PRAZER
Num momento raro as nuvens dissiparam
O sol iluminou tudo fico claro
O céu se abriu, um anjo desceu
Um milagre surgiu você apareceu
Por Deus! Quem te fez linda assim?
Seu jeito de ser tudo enfim...
Trouxe pra mim essa paixão tão delirante
Intensa real louca pulsante
Você não tem ideia do muito que sinto
Transcende, explode, acredite não minto
Somos nosso mundo, o todo, o tudo
A força a vida viva é mútuo
Que sentimento é esse? Nunca senti
Jamais imaginei que pudesse existi
Eu, homem feito tornei-me criança
Me fez acreditá, encheu-me de esperança
Ninguém jamais apagará nosso brilho
Juntos viveremos filha, filho
Tanto faz pra nós deixa assim está
Seja como for é o que Deus mandá
Pensam que sabem o que já passamos
Só nós sabemos pra onde é que vamos
Qualquer problema você pode me falá
Velhas manias eu tento mudá.
Conta pra mim, quero escutar
Como foi seu dia vamos compartilhar
Meiga senhorita uma linda mulher
Juntos pra sempre pro que der e vier
Acaso destino nada disso importa
Amor, aceite minha proposta
Somos amantes mais que amigos
Bel prazer! Ae... Casa comigo?!