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Isa Sousa 
É formada em Comunicação Social - habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). É pós-graduada em Fotografia: Memória, Imagem e Comunicação, pela Universidade Cândido Mendes (Ucam), no Rio de Janeiro. Foi professora e curadora de fotografia no projeto social “Poesia Necessária”, em Cuiabá, ao lado de Antônio Sodré. A poesia sempre esteve presente em sua vida, apesar da timidez em mostrar seu trabalho ao público. Recentemente descobriu outras habilidades artísticas, com a cerâmica e a aquarela e, com isso, é a cabeça e o coração - além das mãos - do Ateliê Generosa Criativa. Com a fotografia, já participou da exposição “Híbridos”, no Festival Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro, o FotoRio, e foi publicada na revista francesa “Photographe”, com sua série “Retratos de uma obsessão: Paris”, um passeio em preto e branco pela Cidade Luz. 

POEMA SEM LUGAR

Eu sou de um lugar que não mais existe
Onde nasci, sequer fiquei
Onde cresci, os terrenos cheios de verde e vida foram aos poucos sendo substituídos por concretos e tristezas
Histórias foram construídas onde antes o vento passava leve e os pés de mamona cresciam selvagemente 
Eram aquelas as mesmas mamonas que brincávamos em guerras imprudentes 
A rua, de chão batido e que nos deixava da cor da terra, foi aos poucos dando lugar a uma outra tonalidade acinzentada 
Chamavam aquilo de progresso, mas lembro de ser apenas asfalto quente e duro, que ralava nossos joelhos e trazia o vermelho-sangue à tona 
Eu sou de um lugar que não mais existe 
Tudo foi sendo aos poucos substituído 
Da memória que busco vez em quando, nada sobrou 
Saudade é um naco de apagamento: nada do que se lamenta ter passado existe em outra dimensão
Tiraram as árvores 
Tiraram a terra
E, a cada retirar, o sangue também foi dando lugar ao nada
Eu sou de um lugar que não mais existe
E esse lugar é agora

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