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Iael Aguirre
17, é estudante do Centro Educacional Anália Franco, em Cáceres. Oscilando entre o mais dócil mel e mais ferrenha tortura, como o resto da humanidade, o jovem poeta Iael Aguirre descobriu na veia poética uma excelente ferramenta terapêutica para dialogar com os próprios diabos, tal diálogo proveniente de leituras literárias e pesquisas escolares, sendo a mais recente,  estudos acerca da marginalização do meio artístico em sua cidade natal, sendo esta Cáceres-MT. Menino de muitas leituras e escritas, desde muito cedo embrenhava-se pelo gosto dos livros, sendo muito observado e incentivado em seu âmbito escolar pelas suas professoras de Linguagens, sendo as mesmas com o olhar sensível e atento, deu a este menino incentivos para se aproveitar da poesia, como leituras e tessituras como uma forma de acalentar suas inquietações.

CEIFADOR

Venho de baixo
rastejando com os padecidos
sou nativo da umbra
sou vestígio na sombra 
sou primo do corvo, sou pai do verme
sou cheiro fétido no velório
sou rasgo na epiderme
sou lágrima da viúva
sou bactéria, sou germe...

Sou dia cheio no necrotério
sou garoa na madrugada
sou mosca sobre o cadáver
sou cova recém cavada
sou a arma do assassino
e sou a mãe desamparada
sou coberta branca sobre o corpo
sou tragédia inesperada

sou a praga
sou o nada
sou o ponto final.


SEREIA  DO ESGOTO

 

Se diz linda, linda.

Formosa, suja
sereia do esgoto, rainha
dos coliformes fecais
beleza rara, do fundo
do buraco fundo
que sobe junto
à um desagradável
perfume de
desarranjo
intestinal.
 

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