Henrique de Medeiros
É escritor, jornalista e publicitário. Natural de Corumbá-MS, estudou em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde se formou em Comunicação Social na Universidade Gama Filho, em 1976. Integrante da Academia Sul Mato-grossense de Letras, atualmente ocupa o cargo de Presidente.
AQUI!
Faço sinal para a vida.
- Aqui estou!
Ela parece não me ver.
Passa como se estivesse ocupada.
Passageiros
a transportar, a deixar, a levar?
Assim,
- Aqui estou!
EM EXPANSÃO
o universo está em expansão para algum lugar
mas
para onde
ninguém me perguntou se eu quero
ir ou ficar
tá bom
estou indo
mas
para onde
tá bom
resisto
mas admito:
sou
ser? ou alguma coisa
serei eu daqui e de todos os lugares?
ou de todos os lugares e assim daqui?
mas
o quê?
eu serei
ou terei sido
ou fui
mas
nunca serei
ou serei
sem ter ido
vou
mas
para que
para ser
ou por ter sido
ou nunca ter sido
nas nebulosas
escuras claras frias quentes
o que significa silêncio?
UM NENHUM
quando eu vim
não sei de onde
nem pra onde
mas cheguei aqui
eu era um
hoje não sou mais
nenhum
daquele um
quando eu vim
ok adiante
vou em frente
mas seguir
sem olhar pra trás
é psicopatia
ou sensatez
por aqui são
tantos cérebros
indecifráveis
próximos
mas desuníssonos
tantos e não
conseguem respostas
muitas vezes
nem perguntas fazem
querem sondar o insondável
achar o inalcançável
o olhar de cada um
vê prismas diferentes
o sorriso de cada um
especula encantos matiz
os ouvidos de cada um
ouvem sons distintos
no que se baseia a multifacetagem
encontros plurais
olho e me apequeno
com tantas multidões
serei maior que elas
na minha pequenez
fala um fala dois fala três
quantos pensares
valem frases ou conceitos
alguém tem a resposta
pois quando vim
eu era um
sou nenhum