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Henrique de Medeiros

É escritor, jornalista e publicitário. Natural de Corumbá-MS, estudou em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde se formou em Comunicação Social na Universidade Gama Filho, em 1976. Integrante da Academia Sul Mato-grossense de Letras, atualmente ocupa o cargo de Presidente.

Ó

estrebuchado

estrebucho

introduzido

intro

       metido

no meio

do ó

um nó

sem dó

O AZUL INVISÍVEL DO MÊS QUE VEM

Mantendo a persiana fechada

Para não deixar a luz do sol entrar

Sentindo os objetos numa cinza cor

Junto ambiente ao pensamento em nó

Na parede de gelo, lisa, sem mensagens

Cenas se passam em sequência turva

Preto & branco em colorido

Então me sacodem a cabeça

Palavras soltas da noite de terça

Fotografia do almoço de sexta

A porta aberta de uma semana atrás

Trancada na tarde de um dia bruto

Com as mensagens do cotidiano

A violência dos dias escuros e longos

Me impedindo de pegar e ver

O azul invisível do mês que vem

MORDENDO A VIDA

tarde negra

mente quente

sangue em passeata pelas veias

brado bravo

punho fechado

mãos e pés em batida infernal

soco na mesa

chute na porta

dentes nervosos mordendo a vida

corpo deitado

estômago contraído

pensamento de volta a passear

água no rosto

espelho para imprecar

rádio a tocar

silêncio de um minuto

a calma retorna devagar

DA TRISTESSE AO ALLEGRO

encéfalo cinza

cubra de cores

sua canvas nascente

alegoria de tônus

                   bônus

nas artérias fluorescentes

do incandescente

fluir-despertar-pensar

daquilo que escondo em mim

© 2019 - Revista Literária Pixé.

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