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作者简介:朱谷忠,原名朱国忠,1973年调进《福建文学》编辑部,历任散文、诗歌组组长、编委,后任《散文天地》杂志主编。1989至2009年在福建省作家协会工作,任驻会副主席兼秘书长。中国作家协会会员。著有《乡野情歌》《红草莓的梦》《朱谷忠散文选集》《走八闽》《人与山水的约会》等十余部作品。获《人民日报》副刊“金台”随笔奖、福建省优秀文学作品奖、福建省期刊编辑一等奖、《散文选刊》“全国散文佳作奖”等。现为福建省作家协会顾问,一级作家。

​​Zhu Guzhong 
Cujo nome de batismo é Zhu Guozhong, foi transferido para o departamento editorial da revista Literatura de Fujian em 1973 como, sucessivamente, diretor da seção de prosa e poesia e membro do conselho editorial. Mais tarde, foi editor-chefe da revista Prosa Literária Chinesa. Entre 1989 e 2009, trabalhou na Associação de Escritores da Província de Fujian como vice-presidente e secretário-geral. É também membro da Associação de Escritores da China. Autor de mais de dez obras, incluindo Canções de Amor no Campo, Sonho com Morangos Vermelhos, Coleção de Prosa de Zhu Guzhong, Passear em Fujian, e Encontro entre Homem e Paisagem. Recebeu o Prêmio de Ensaio “Jin Tai” do suplemento do Diário do Povo, o Prêmio de Obra Literária de Excelência da Província de Fujian, o Primeiro Prêmio de Edição Periódica da Província de Fujian e o Prêmio Nacional de Obra de Excelência de Prosa do Periódico Selectivo de Prosa. Atualmente, é conselheiro da Associação de Escritores da Província de Fujian e escritor de primeira classe.

九鲤溪

初秋的一个早上,我进入九鲤溪时,发现雾还未散去,只觉周遭山隐水动,氤氲自生。我仿佛站在无边的宣纸上,用双脚在勾勒一蝠溪山淡墨画。但我知道,不是画家的我,无论如何也绘不出眼前浓淡相宜的境地,那轻纱一般的雾,也掩饰不住这里的一种质朴的美,清越的秀!
果然,不一会,阳光从云中倾泻下来,闪闪烁烁的有点刺眼,两岸绵延的山岭突然撞入眼帘,犹如屏风镶嵌于斑斓的溪中,异常亮丽,格外醒目。行至近前才弄明白,这里就是九鲤溪放筏的渡口。
九鲤溪,位于太姥山西侧山脚下。这一带,山系着水,水绕着山,松杉滴翠,秘径通幽,空籁处处。放眼打量,这里溪面寬绰,水流得宁静随意,甚至带有过浓的温顺和纤弱;它脉脉地幻出了峰峦白云的眷恋,柔柔地润出了两岸树木的浓郁,淡淡地晕出了漫谷的些许雾岚,隐隐浸湿了山里深处牧童的笛音。
此处溪水,是顺着弯弯曲曲的山谷流下来的;高处急,低处缓,更远处似有溪水从岩上泻下,如小瀑布一般,飞溅起团团水雾;但眼前溪水却是清澈透明,可以清楚地看见几个只小鱼在溪边漂游。
我乘坐的竹筏时急时缓地前行了,沿途可见溪边毛竹丛生,间有许多花木,红的,紫的,蓝的,溪流也就增加了无限的画意,只见竹影扶疏下各种花木,各不相让,尽情开放。溪水载着花香,几乎把乘筏的游人家都薰醉了。令人惬意的是,九鲤溪的水是长久不涸的,一年四季,都是在清风、树影、彩石、鲜花中温柔恬静地流着,唱着那音调古朴的歌曲,而且,因为它是这样的清澈明朗,所以我们不独见到溪中那些快活自在的小鱼,也常常可见翔飞于滩头和树间的白鹭。
一程石滩,一丛樟树;一弯水路,一层枫林。一曲曲,一程程,只见两岸佳木茏葱,奇花闪灼。最是时见一带清流,从花木深处曲折泻于石隙之下,再进数百步,渐向东去,则平坦宽豁,两边杂籐繁茂,皆隐于山坳树杪之间。俯而视之,白白的浪花则如清溪泻雪,中有石磴穿云,环抱溪沿,幅幅美景扑面,令人目不遐接。
九鲤溪全长二十多公里,漂流区约十七公里,下游延伸到闽东霞浦县境内,和杨家溪景区相连。溪流两岸  或峰回路转,或急流直下,偶有浪浸鞋袜,但均有惊无险。两岸的山上,有许多国家级的保护树种,其中最著名的是国家一级保护树木——红豆杉。排工说,树龄最大的大约有二百多年了,主干有两人合抱粗,位于一个叫吉星濑地方的左上方,红果成熟时,许多鸟儿飞来,聚集树上,吱呀和鸣,使人能循声而至,轻易辨认。山上,还有闻名遐尔的中华文母树,为国家二级保护树种,是地球上最早的几种植物之一,也是集合观赏、物种研究的珍稀树种。
行经磻溪镇境内时,排工又告诉大家,这个地方有很多瀑布,如龙亭瀑布、溪口瀑布、龙须瀑、隐龙瀑、烟雨瀑布等。这些瀑布从高悬的山涧或峭壁断崖上飞泻下来,像千百条闪耀的银链。而瀑水就在山脚汇成冲激的溪流,浪花往上抛,形成千万朵盛开的白莲。其中龙亭瀑布落差136米,宽3米。瀑布下方有一块可容200多人观瀑的巨石,巨石下是一个10米见方的龙潭。仰观瀑布,飞流直下,犹如白练悬空,烟雾飘渺,声势逼人,凉风习习。瀑布周围有拔地而起数十米的岩峰“将军印”“文笔架”等几十处岩石景观。而溪口瀑布,位于桑园翠湖大源头下游,落差60米,飞流直下,水汽弥漫,彩虹缤纷。瀑布下方,峡谷两岸布满千姿百态的水蚀石,水雾飘忽,时隐时现,犹如观看神秘的海底世界。
记得,前些年春季曾到过此地,沿途瀑布给我深刻印象。而今乘竹筏穿越,虽不能一一亲近,但在秋日时分,放眼四望,发现愈是下游,溪水愈不平静,呈现出金黄嫣红相互杂驳的粼粼波光,宛若一条条鲤鱼腾跃在水面,使沿途都敷上了一层烟波浩渺的愁绪。这使我不由想到,溪水从古到今一直涤荡着满山岑寂,也为人们擦拭着被种种世相所浸染的心灵。而四周绵亘的群山,似有飞泉在云里雾里闪烁,扬着细微的声浪溶入谷中。平缓的岭头,青的靛青,绿的碧绿,在云端各现其姿,各呈妙色。银带似的蜿蜒的岸脚,纷披着倒垂的藤蔓,一直纠缠萦绕到远处看不真切的峡谷。层层叠叠的丛树不经意地现出一片斑斓的色彩,夹杂着微香的风吹过,发出沙沙的响声;偶尔,似见有叶片在空中飞舞,慢慢地落到溪面上,晃晃悠悠中,竟从林中撒出一群白鹭,搧着翅膀飞向溪面,盘旋了一会,又迅疾地抖着翅膀,箭一般地冲向山林,消逝在一片轻淡的山色中了。
我不禁看呆了。这时,突有一片明媚的阳光冲出云翳,一下把九鲤溪照得鲜澄发亮。只见云山耸翠,近水泛银,沙汀草浦,温润光洁。眼前景色突变,令人猝不及防。惊喜的瞬间,心底也不禁流出了“青山不墨千秋画,流水无弦万古琴”的古人绝句。
无疑,九鲤溪是时缓时急的;平缓处,闲庭信步,悠然自得;湍急处,飞筏似箭,有惊无险。在漂流尽头处的渡头村,有两片面积为250亩的枫树林,林边河滩上是一片面积百余亩的荻花滩。每年秋末冬初,树叶黄里透红,荻花一片雪白,别有一番情趣。在两片枫树林的间隔地带,有十几株树龄为数百年不等的古榕树林,历尽沧桑仍生机盎然,天空密叶交错,地面虬根盘绕,为游客提供了一处理想的小憩场所。据专家考证,这是一片全球纬度最北的古榕树林。而九鲤溪下游,则是霞浦县境内的杨家溪,相传因北宋名将杨文广平定南蛮十八洞而得名,自古是出入闽省的必经之地,至今还保留有秦汉时期修建的古驿道──通津路和始建于明嘉靖年间的闽东最长古桥──通津石桥。南宋状元王十朋任泉州知府曾宿此地饭溪驿站,并赋诗赞云:“门拥千峰翠,溪无一点尘,松风清入耳,山月白随人”。
水路无尽,遐想无尽。对于流碧凝翠的九鲤溪,我有太多的感悟。在我看来,不管是春风、夏雨、秋声、冬霜,它都像一条色彩的溪流,在云中雾里不甘平庸不甘寂寞地流淌着,让整个生命的内涵不再拘禁在固有的流程。正如有人说的那样:如果你永远面向大海,那么你永远就有梦想和挚爱。所以,不管在什么季节,人都应当到野外去感受生态山水,去珍惜每一缕阳光的温暖,每一簇山花的微笑,以坦然和自信去耕耘那个属于自己的天地。
回程坐车时,我不禁又想到,以秀色著称的九鲤溪,过去由于人文讯息闭塞,也只是“养在深闺人未识”, 如今能不负时代,演绎自身生态的美丽与丰茂,吸引众多的游人,这实在是一种无可比拟的幸运。而九鲤溪沿岸的诸多名胜古迹,原来深藏山中,这些年来,也一一种植在世人的梦里梦外。因此,来过九鲤溪的人,都会发觉,不论自己有多少心事,都会在九鲤溪澹美的意境中净化;而多少超然的想象,也会随着九鲤溪的碧波,荡漾在四季转换的五颜六色之中……


(原载: 海峡书局出版社《太佬山》一书,2018年3月)  

 


Riacho Jiuli (Riacho de Nove Carpas)

Numa manhã no início do outono, estou no riacho Jiuli e percebo que a neblina ainda não tinha se dissipado. Sinto as montanhas escondidas e as águas fluidas ao meu redor no meio do nevoeiro. É como se eu estivesse esboçando com meus pés e a tinta leve a paisagem de água e montanhas em cima de um papel de arroz sem fim. Contudo, eu sei bem que, não sendo um pintor, não sou capaz de reproduzir toda a palheta da paisagem que tenho diante dos olhos. O nevoeiro, feito um tênue véu, não consegue ocultar a beleza simples daqui, uma formosura espetacular!
Eu sabia, não levou muito tempo para os raios do sol romperem as nuvens e cintilarem um tanto ofuscantes. As montanhas, interligadas em ambas as margens, surgiram de repente, como um biombo extremamente formoso e cativante embutido no riacho. Somente quando me aproximo é que percebo que aqui é o terminal onde desancoram as jangadas para o riacho Jiuli. 
O riacho Jiuli situa-se no sopé oeste do monte Taimu. Nesta área reina o silêncio, montanhas e águas se entrelaçam, os pinheiros e os pinhões chineses são verdejantes, caminhos secretos correm na escuridão. Uma observação dos arredores permite ver que a água flui silenciosa e livre pela superfície ampla deste trecho do riacho, e carrega até um aspecto excessivamente dócil e frágil. O riacho reflete docemente os picos e as nuvens, umedece as árvores verdes e frondosas de ambas as margens, gera um leve nevoeiro nos vales e turva ligeiramente o som da flauta do jovem pastor nas montanhas profundas.
Neste trecho, a água do riacho desce ao longo dos vales curvos, acelerando nos pontos altos e desacelerando nos baixos. Mais distante, parece que a água cai direto pelas rochas como uma cascata, salpicando o ar de umidade. Mas a água à frente é tão cristalina e transparente que se vê de forma clara alguns peixinhos nadando no riacho.
A jangada de bambu que eu peguei avança, às vezes rápido, outras vezes devagar. Ao longo do caminho, vejo bambus mossô crescendo nas margens do riacho. Há também muitas flores e árvores vermelhas, roxas e azuis que fazem o riacho parecer uma composição. Nas sombras dos bambus, as variadas flores e árvores concorrem cheias de vaidade. O riacho é tão perfumado que quase deixa inebriados todos os turistas na jangada. Mais deleitável é o fato da água do riacho Jiuli nunca secar. Durante todo o ano, ela corre meiga e suavemente nas brisas, sombras de árvores, rochas coloridas e flores, entoando simples melodias. Além disso, o riacho é tão cristalino e límpido que vemos nele não apenas peixinhos à vontade na água, como também garças-brancas-pequenas voando entre as orlas e as árvores.
Ao longo das curvas em diferentes trechos, se avistam orlas rochosas, canforeiras, bordos e belas árvores frondosas com flores invulgares em ambas as margens. O mais admirável é ver, ocasionalmente, um curso de água clara a descer por entre as fissuras nas pedras em meio a flores e árvores. Avançando centenas de passos, rumo lentamente a leste, o caminho se abre plano e largo, com videiras selvagens escondidas nas colinas entre as árvores em ambos os lados. Ao olhar para baixo, vejo ondas brancas como neve no riacho transparente, elas refletem degraus de pedra nas nuvens e circundam as margens do riacho. Lindas paisagens vão surgindo uma a uma e deixam as pessoas sem saber para onde olhar.
O riacho Jiuli tem mais de 20 quilômetros, com uma área para rafting de cerca de 17 quilômetros. O curso inferior se estende até o condado Xiapu, a leste da província de Fujian, e se liga ao riacho dos Yang, um outro ponto turístico. Correndo entre as margens, a água dá voltas e também se acelera em trechos retos. Ela às vezes molha sapatos e meias, mas não oferece perigo. Nas montanhas adjacentes a ambas as margens há muitas espécies de árvore protegidas a nível nacional, e a mais famosa é o teixo, árvore que goza do grau um de proteção nacional. Segundo o barqueiro, seus exemplares mais velhos da têm mais de 200 anos, com troncos de circunferência equivalente a duas pessoas com braços estendidos, e estão localizadas no canto superior esquerdo de um lugar chamado Jixinglai. Quando suas frutas vermelhas amadurecem, muitas aves vêm voando, pousam nos teixos e gorjeiam e cantam de tal modo que permitem às pessoas seguirem seus sons e distingui-las facilmente. Nas montanhas, cresce também a famosa árvore Distylium racemosum, espécie protegida nacionalmente em grau dois. Trata-se de uma das primeiras plantas na Terra, uma espécie de árvore rara para a apreciação e pesquisa.
Ao passarmos pela vila Panxi, o barqueiro nos conta que existem várias cachoeiras neste trecho, dentre elas a cachoeira Longting, cachoeira Xikou, cachoeira Longxu, cachoeira Yinlong e cachoeira Yanyu. Estas cachoeiras se formam a partir de despenhadeiros ou de córregos de alto de montanha e suas quedas se parecem com a coleção de centenas de milhares de correntes de prata brilhantes. A água das cachoeiras converge em um ribeirão revoltoso no sopé das montanhas e lança para cima ondas em forma de milhares de lótus brancas. Uma delas, a cachoeira Longting, tem uma queda de 136 metros de altura e três de largura. Abaixo da cachoeira há uma rocha gigantesca que acomoda mais de 200 espectadores. Abaixo da rocha há uma lagoa de dez metros quadrados. Ao olhar para cima, para a cachoeira que desce direto como uma faixa branca pendurada no ar, percebe-se a névoa, o barulho e a brisa. Ao redor da cachoeira, erguem-se dezenas de paisagens rochosas, como “Selo do General” e “Estante de Pincel”, de mais de dez metros de altura. Por outro lado, a cachoeira Xikou fica no curso inferior da grande nascente do lago Cui, no Jardim Sang, e conta com uma queda de 60 metros, em cujas imensas gotas de água se forma um arco-íris. Abaixo da cachoeira, as duas margens do cânion estão cheias de rochas desgastadas pela água em formas variadas visíveis de quando em quando por entre o bailar da água e da névoa, como se estivéssemos diante de um mundo subaquático e misterioso.
Lembro-me de ter visitado a região há alguns anos na primavera e de ter ficado impressionado com as cachoeiras ao longo do caminho. Hoje, na jangada, não consigo chegar perto de todas. Mas durante o outono, ao olhar ao redor, descubro que a água vai ficando agitada à medida que desce para o curso inferior e apresenta um brilho que mistura o dourado e o vermelho, como se várias carpas saltassem sobre a água de tal modo a revestir o caminho com uma neblina de melancolia. Isto me faz pensar. O riacho vem lavando as montanhas silenciosas desde os primórdios e também vem limpando as almas contaminadas pelas coisas do mundo. Nas montanhas que se estendem em volta, parece que há nascentes voadoras a brilhar nas nuvens e na neblina, e cujo som sutil de ondulações se incorpora aos vales. Os cumes planos das colinas anis e verdes estão exibindo sua própria cor e posição entre as nuvens. Os sopés, feito fitas curvas de prata, são revestidos por videiras pendentes que se enredam até o cânion que não se vislumbra à distância. De vez em quando, paletas de cores surgem por entre as várias camadas de árvores que cantam ao balançar das brisas. Ocasionalmente, há folhas dançando no ar e caindo lentamente na superfície do riacho, dando voltas desorientadas quando um bando de garças bate asas e sai da floresta voando em direção ao riacho. As garças pairam por algum tempo antes de sacudirem fortemente as asas e se lançarem para as montanhas feito flecha desvanecente na leve coloração das montanhas.
Eu fico tão admirado que não desvio meu olhar. Neste momento, um raio de sol brilhante rompe as nuvens e prontamente ilumina o riacho Jiuli. Os cumes das montanhas nas nuvens ganham uma cor verde, a água por perto fica prateada, e as orlas arenosas, cobertas de grama, são envolvidas em pura luz. A súbita mudança na paisagem me pegou desprevenido. Neste momento de surpresa, não posso deixar de pensar nos seguintes versos antigos, “As montanhas verdes são pinturas milenares que não precisaram de tinta, as águas correntes instrumentos sem corda decamilenares”.
Sem dúvida, a velocidade da água do riacho Jiuli varia dependendo do trecho. Na parte suave, a água passa calma e sem pressa; no trecho de corredeira, a jangada dispara como uma flecha, mas a água não representa perigo. Na aldeia Dutou, destino final do rafting, existem duas florestas de bordo de cerca de 40 acres, ao lado das quais há uma orla de mais de 15 acres de Miscanthus sacchariflorus. Todos os anos, no final do outono e início do inverno, as folhas das árvores ficam amarelas e vermelhas, e as flores, brancas como neve dão um toque de beleza especial. Na faixa entre as duas florestas de bordo, há um arvoredo com uma dúzia de figueiras-de-bengala centenárias. Apesar da passagem do tempo, as árvores ainda estão cheias de vigor, com a folhagem entrelaçada no ar e as raízes firmes, entretecidas ao solo. O arvoredo proporciona um espaço de descanso perfeito para os visitantes. Segundo pesquisas de especialistas, esta é a floresta de figueiras-de-bengala mais ao norte do planeta. No curso inferior do riacho Jiuli está o riacho dos Yang, do condado Xiapu. Dizem que o riacho recebeu este nome em homenagem ao famoso general Yang Wenguang, da Dinastia Song do Norte, que conquistou as 18 tribos no sul. Desde os dias antigos, este é um ponto incontornável para quem entra e sai da província de Fujian. Ainda existe na região a antiga passagem da rua Tongjin, construída durante as Dinastias Qin e Han, e a Ponte Tongjin, a ponte antiga de pedra mais longa do leste de Fujian construída durante o reinado de Jiajing (1522-1566), na Dinastia Ming. Wang Shipeng, um estudioso da Dinastia Song do Sul, uma vez ficou alojado no posto de descanso Fanxi na qualidade de oficial de Quanzhou e escreveu um poema em elogio: “Abraçam-se mil picos verdes pela frente, o riacho é livre de poeira, a brisa fresca do pinheiro sopra aos ouvidos, a lua branca nas montanhas acompanha as pessoas”.
A hidrovia se estende sem fim, e os devaneios também. Tenho muito a expressar em relação ao riacho Jiuli, verde como jade. Para mim, seja na brisa da primavera ou na chuva do verão, quer nos sons do outono ou na geada do inverno, Jiuli é um riacho colorido que corre entre nuvens e neblinas e foge da vulgaridade e da solidão para que as qualidades da vida não sejam restritas a padrões pré-concebidos. Tal como se diz, “Se estiver sempre voltado para o mar, você terá sempre sonhos e paixões”. Por isso, independentemente da estação do ano, as pessoas devem visitar a natureza para experienciar o dinamismo da paisagem e para valorizar o calor de cada raio de sol e o sorriso de cada flor nas montanhas, a fim de cultivar o próprio mundo interior com calma e autoconfiança.
No caminho de volta de carro, não posso deixar de pensar outra vez que o riacho Jiuli, reconhecido por sua beleza, já foi “desconhecido por se restringir a sua própria casa” devida à circulação limitada de informações de outrora. Mas hoje em dia, é sorte sem tamanho o riacho poder exibir seu encanto e riqueza ecológica e atrair muitos visitantes. Os vários pontos de interesse ao longo das margens do riacho Jiuli, antes escondidos nas montanhas, foram sendo descobertos pelo mundo nos últimos anos. Portanto, aqueles que visitaram o riacho Jiuli tiveram suas mentes purificadas pela beleza plácida da paisagem, independentemente de quantas preocupações tivessem. A imaginação fantástica também segue se balançando nas mudanças coloridas das estações através das ondas verdes do riacho Jiuli...


(Originalmente publicado no livro Monte Taimu, da Editora Estreito, em março de 2018)

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