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Gervásio Leite
Foi poeta, jornalista, jurista. Nascido em Cuiabá em 1916, faleceu no Rio de Janeiro, em 1990. Autor de 12 livros dentro os quais destaca-se “Terra Agarrativa e Linda”, Gervásio foi editor da Revista Pindorama, a primeira publicação modernista que circulou em Mato Grosso, participou do Movimento Graça Aranha, foi Desembargador do TJMT, de onde foi presidente, também presidiu a Associação Mato-grossense de Imprensa e a Academia Mato-grossense de Letras.

HOMEM DE TODOS OS TEMPOS

O terror cósmico que palpita nos labirintos do meu Eu
O temor de rudes eras longínquas
O medo do mundo das noites perdidas
Nas cavernas escuras e frias, cheias de ecos dolorosos e gritos desesperados,
Tudo que me agita com aflições convulsivas de furores epiléticos
Vem de um mundo perdido nas cinzas do tempo.

Porque eu sou o homem perdido e abandonado de todos os tempos.

Nas células de meu corpo e nos fragmentos de minha alma
Sinto viver células de corpos imemoriais
Que agitam fragmentos de almas desgarradas, há tanto tempo, da carne do Mundo.
As almas das multidões anônimas,
Os destinos dos homens desconhecidos,
As paixões das mulheres esquecidas
Entrecruzam-se com a minha alma, com o meu destino e com as minhas paixões.
Porque sou todos os homens, de todos os tempos, sintetizados num corpo perdido,
Todas almas imortalmente eternas dormindo numa alma desesperada.
Porque eu sou o grito da carne do Mundo
Porque eu sou o desespero da alma da Terra.
Porque eu sou UM
E sou TODOS. 

© 2019 - Revista Literária Pixé.

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