

Gabriel Francisco de Mattos
Continua sendo arquiteto, professor universitário, Mestre em Educação e Doutor em Estudos de Cultura Contemporânea. Quer ser mais alguma coisa ainda, vai tentando por aí.
PRAIA
Dá medo sim,
mas é uma missão,
é só passar a
tremedeira
o nervoso o calor
e eu vou pregar
conversar com
todos
sobre a Sua palavra.
(o livro sagrado
queima
debaixo do braço)
Não era pra ser assim...
mas porque todo dia
acorda sempre lindo
porque todo mundo
é sempre tão bonito
porque o coração
se mostra tão aberto.
Nem me lembro
do pai distante
confiante
da mãe calada
preocupada.
Pra que horizontes
tão abertos?
Meu corpão é
(Olhem! Olhem!)
lindo
sarado
corado tratado
bronzeado
turbinado
pres tem
mui ta
aten ção
Amanhã
eu procuro
trabalho
ou emprego.
Por ora basta
só o sol
e minha
semprieterta
confiança
só até
Amanhã
chá limonada cocacola
bronzeador
(camisinha colorida)
salgadinho de isopor
pipa pandorga
ou papagaio
(viagra paraguaio)
garantido!
E tudo mais que
passar da conta
e conseguir carregar
nestes ombros
de shopping popular
bola pra lá
bola pra cá
gritos risos
o campeão imaginado
outra vez
perigo de ponto
bolada machucante
(olha a gatinha
gostando)
bola pra cá
bola pra lá
Cansado
andar e só olhar
ali naquela linha
onde a areia é dura
onde o limite
é aberto,
mas nada, nenhuma delas
olha o caminhante
magro suado triste
compenetrado
Olhar a linha
calibrar o molinete
esperar esperar
afinal eles é que mandam
eles, os peixes.
(mas agora já vem com
a cadeira desdobrável
e o balde de cerveja
esperar...)
Ondas Ondas Ondas Ondas Ondas Ondas Ondas
Sal Saco plástico Dois hidrogênio mais oxigênio Xixi Sal Algo de alga
Protetor solar Peixe Óleo lubrificante de barco Embalagem de suco natural Sal
Nadador exibido Menino provando – Água ruim, mamãe! Prancha procurando onda
Barco perdido colorido Reflexos indefinidos A Europa do outro lado bem ali a África