Gabriel de Mattos
É arquiteto, professor universitário, Mestre em Educação e Doutor em Estudos de Cultura Contemporânea. Árvore Ser conquistou a 1º Lugar no XVII FESERP - Festival Sertanejo de Poesia 2011 – Prêmio Augusto dos Anjos, promovido pela Prefeitura Municipal de Aparecida, Paraíba.
ÁRVORE SER
Mesmo que podem, que cortem, que desbastem,
a COPA é o que mais aparece, é o que desejamos mostrar.
Frutos, folhas, muitas flores coloridas, galhos à disposição de quem quiser
se debruçar, apoiar, descansar: pássaros, crianças, insetos, bichinhos carinhosos.
É o lugar da exibição, do pavoneado, do milimetricamente escolhido,
da escolha que nos faz aparecer (ou não) na paisagem, que nos define
como sombra calorosa, força decisiva, reação agreste. Nossa melhor
imagem para os momentos bons ou melhor disfarce para as
horas de tempestade. A parte que recebe os raios, a chuva,
e reage como deve ou deveria ser.
O TRONCO é o caminho
que liga a frondosa copa
aos reinos subterrâneos,
ao outro mundo que nos
define e que já passou,
ainda bem que já passou.
É onde as outras pessoas
se encostam, se escoram
sem pedir licença, e onde
cravam a canivete as juras
e promessas que ficam lá
marcadas para sempre.
E na RAIZ, o passado, os
segredos os medos as vergonhas
as feias coisas boas que não
nunca jamais vamos mostrar, deixar
aparecer, elas vão ficar lá
no fundo no escuro no segredo