Everton Almeida Barbosa
É filho de nordestinos vindos da região rural da cidade de Pombal, no sertão da Paraíba, para Cuiabá na década de 70. Vive em Tangará da Serra/MT. Nasceu em Cuiabá e se especializou em Literatura, desde a graduação e mestrado na Universidade Federal de Mato Grosso, até o doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais, sendo professor de Literatura na Universidade do Estado de Mato Grosso desde 2006. É também músico. Foi instrumentista e diretor musical da Cia. de Teatro Mosaico (Cuiabá) e membro do grupo vocal Candimba (Cuiabá). Hoje coordena o projeto Corpo & Cordas, de música, poesia e contação de histórias, na UNEMAT em Tangará da Serra.
GRITO
Meu grito é diferente
Do que faz saltar as veias
De um cantor sertanejo
Meu riso é diferente
Da gargalhada sem fôlego
Do humorista no sábado
Minha prece é diferente
Da oração espontânea
Do sacerdote na tela
E ainda que eu falasse a língua dos homens Desses que andam por aí gritando E rindo demais e se supliciando
E ainda que eu falasse a língua dos anjos Pra que ninguém entendesse O trato que tenho com os deuses
Sem amor o que eu seria?
Nada aprendo
pelo grito
ironia
ou chibata
que não seja
o grito
ironia
ou chibata
desesperos de um tempo triste
sem voz que não se defina por seu volume sem ideia que não se defina por seu contrário sem paz que não se defina por violência
desesperos de quem sente
o medo ou prazer
de perder-se
a falta do amanhã
sem o amor de hoje
que o amor é presente
sussurro que acalma
verdade que alivia
afago que perdoa
Meu grito
Meu riso
Meu rito
Não ferem
O amor
é pra hoje
amanhã
e depois
se existirem.