Eduardo Mahon
42, é carioca da gema, advogado e escritor. Mora em Cuiabá com a esposa Clarisse Mahon, onde passa sufoco com seus trigêmeos: José Geraldo, João Gabriel e Eduardo Jorge. Autor de livros de poemas, contos e romances, publica pela Editora Carlini e Caniato.
OS SAPOS AINDA COACHAM
Juntam-se os trapos
Na chapa pura
Aos gritos, os sapos
Mas que cara dura!
Proclama o mentor
Coaxando de pé:
“ – eu sou escritor”
“ – Não é”, “ – Sou!”, – “Não é”
Berra a doutora
Que nem perereca
“ – Eu sou escritora”
“ – Mas não é poeta!”
Coaxa sem jeito
Essa saparia
Roncando o Direito
E matando a poesia
Pra sapa indiscreta
Os sapos se excitam
Condenam poetas:
“ – Vocês não me citam!”
Só foi na mutreta
Que a sapa ganhou
“ – Também sou poeta”
“ – Sou”. “Não é”. “Sou!”
Enfezada outra sapa
Cheirando a jasmin
Pergunta à chapa:
“ – Citaram a mim?”
Tanto sapo metido
No brejo se atura
Que não dá um gemido
De literatura
A gente que escreve
Não mexe com sapo
Ai quem se atreve!
Só toma sopapo
– Sapo-boi, o que tanto te dói?
– Sabe o que foi? Não me chamo Tolstói.