Eduardo Mahon
Editor Geral
爱德华多·马宏 (Eduardo Mahon)是文学杂志《Pixé》的总编辑。
EDITORIAL
A Revista Literária Pixé é uma publicação brasileira que conta com a parceria de dezenas de artista e escritores de diversas nacionalidades. Nosso país é um continente de dimensão espacial e cultura. Influenciado por diversas origens que se fundiram ao longo dos 200 anos de nossa jovem vida nacional, o país representa uma nova forma de convívio pacífico entre vários segmentos sociais. A grande batalha brasileira é conciliar a riqueza da produção agrícola com a distribuição dos dividendos de uma das maiores economias do mundo. A parceria entre o estado de Mato Grosso e a província de Fujian parece promissora!
O que significa Pixé? Trata-se de uma receita típica do estado de Mato Grosso que consiste em milho torrado com açúcar e canela. Era um doce comum na cidade de Cuiabá, capital do estado. Nosso objetivo inicial era provocar a reflexão do leitor, não só sobre o doce batizando uma revista de arte e literatura, mas sobretudo quanto à identidade. Como nós construímos a nossa identidade? Não se trata apenas de uma maquinal repetição de tradições, mas de opções deliberadas que adotamos e ritualizamos no nosso cotidiano. Para Fujian, por exemplo, é fundamental a cultura Hacá, Minan e Mazu, enquanto para Mato Grosso o siriri e o cururu são essenciais para compreender o povo.
Ficamos muito felizes em representar o Brasil nessa publicação, oportunizando espaço para os jovens escritores chineses. Precisamos estreitar relações porque a distância já se encontra relativizada há muitas décadas. Além das relações econômicas mais próximas, nossos países ganharão muito com a aproximação cultural. De um lado, a província de Fujian – historicamente a pioneira na abertura comercial chinesa – tem uma bagagem civilizatória que ensina a humanidade a resistir às piores dificuldades. Não há como manter uma versão ocidentalizada da história diante da consistente história das conquistas chinesas. Afinal, foi pelo porto de Quanzhou que se iniciou a Rota da Seda Marítima. O navegador Zheng He merece ser lembrado tanto quanto Cristóvão Colombo.
Percebe-se, nesta publicação especial da Revista Literária Pixé, que o empenho chinês é apresentar um panorama dos sentimentos nativos quanto à natureza. É justamente essa característica que marcou (e ainda notabiliza) a literatura brasileira, desde a emancipação. De certa forma, diante do enorme território nacional, as produções intelectuais chinesa e brasileira se aproximam mais do que se podia supor.
Nossa esperança está projetada no futuro, um futuro que necessariamente será comum ou, pelo menos, vai exigir maior comunicação entre nós. Cada vez mais, o estado de Mato Grosso terá uma posição estratégica no mundo porque é o maior centro produtor brasileiro. Se fosse um país, será o 3º maior produtor de grãos. O potencial chinês em Fujian, por outro lado, representado na inovação tecnológica e bagagem cultural nos interessa de maneira particular. Nessa troca simbólica, apresentamos a sabedoria dos povos ancestrais, a tradição de uma região central e o futuro que se projeta cada vez mais globalizado.
Agradecemos à parceria comercial e esperamos que ela se renove com a troca cultural. Arte e literatura são símbolos, emanam mensagens explícitas e implícitas. Estamos com os olhos na China e imaginamos que os chineses queiram incluir o Brasil em suas prioridades de um futuro autossustentável. Temos desafios comuns: energia, transporte, alimentação, tecnologia, integração regional. Mas elegemos o aspecto cultural como decisivo para facilitar nosso diálogo. Fujian, tradicional ancoradouro comercial, deve ser o nosso porto seguro para essa missão de internacionalizar nosso diálogo cultural.
Desejo sinceramente que essa publicação dê uma volta completa no mundo e seja festejada no Brasil e na China, países tão diferentes e com tantos problemas em comum. Ao aproximarmos nossas relações, certamente perceberemos que não somos tão estranhos um para o outro. No fundo de cada um de nós, há alegria e sofrimento, felicidade e tristeza, realização e descontentamento. Essa humanidade transcende fronteiras. Nossa revista também. Boa leitura!
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社论 爱德华多·马宏
文学杂志《Pixé》是一本巴西的出版物,它与许多国家数十名艺术家和作家合作。不管是从空间维度,还是文化维度上看,巴西就像一个大洲一样,领土广袤,文化丰富。我们的国家很年轻,只有200多年历史,但来自全球不同地方的文化在这里互相融合,产生了一种不同社会阶层间和谐共处的新形式。作为全球前几大经济体,巴西面临的挑战是如何协调农业生产财富与红利分配之间的关系。我们非常看好马托格罗索州与福建省的合作!
Pixé是什么意思?它是马托格罗索州当地的一道特色美食,这道菜主要是烤玉米加点糖,再加点肉桂。它是马托格罗索州首府库亚巴一道很常见的甜点。我们取Pixé这个名字,一开始是想激发读者的反思,让读者感受到艺术与文学杂志带给我们的甜蜜,也想让大家思考我们的身份。我们如何来打造我们的身份意识?这不仅仅是对传统的传承,也需要吸收我们日常生活中的点点滴滴。对于福建来说,客家文化、闽南文化和妈祖文化非常重要,而对于马托格罗索州来说,如果你了解了西利利和姑鲁鲁文化(Siriri和Cururu文化是起源于巴西印第安土著人民的音乐和舞蹈文化),你就能很好地理解马托格罗索州的人民了。
我们非常荣幸可以通过这本杂志代表巴西,也非常荣幸可以和中国年轻的作家朋友一起交流。我们需要进一步拉进双方的距离。双方经贸关系日益紧密,如果进一步拉进两国家之间的文化距离,也会使我们获益良多。一方面,从历史上来说,福建是中国经济开放的先锋,它的文明进程教会人类如何面对最艰难的状况永不放弃。中国征服自然的历史太丰富了,已经远远超越了西方世界的想象。毕竟,海上丝绸之路是从泉州港开始的。就像哥伦布一样,航海家郑和也值得被铭记。
在这本《Pixé》的特刊里,我们发现中国人民对大自然的原始感受,到现在依然影响着巴西的文学作品。因为巴西和中国都是幅员辽阔的国家,从某种意义上说,中国智慧和巴西智慧其实比大家想象的更相似。
我们希望在未来,双方会有更多的交流与合作。作为巴西的产粮中心,马托格罗索州在全球的战略位置会越来越重要。如果把我们州看作一个国家,粮食产量已经排到全球第三。另一方面,福建的潜力体现在科技创新和文化瑰宝上。在这些文化符号的交流中,我们展现了祖先的智慧、区域中心的传统,以及一个日益全球化的未来。
我们非常感谢这一商贸伙伴关系,也希望通过文化交流,赋予其新的含义。艺术与文学是一种象征,传达了明确的以及隐含的信息。放眼中国,我们相信,未来中国在考虑自给自足时,也能把巴西视为优先合作伙伴。我们面临着许多相似的挑战:能源、交通、食物、技术和区域一体化。我们希望可以通过文化交流来促进双方的对话。福建作为传统的商业中心,也将是我们文化交流、走向国际化的避风港。
衷心希望这本杂志可以纵览全球,让我们在巴西和中国同时庆祝它的诞生。巴西和中国是那么的不同,但却面临了如此相似的问题。当我们互相走近,会发现我们彼此其实并不陌生。因为在我们每个人的内心深处,都有快乐和痛苦、喜悦与悲伤、成就感与挫败感。这些人性是超越国界的。希望我们的杂志也可以超越国界。祝您阅读愉快!