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Eduardo Mahon

Editor Geral

EDITORIAL

Senhoras e senhores, anunciamos uma inédita exportação de pixé! Nossas fábricas estão a pleno vapor. Contratamos centenas de funcionários e outros tantos estão em treinamento para oferecer ao mercado consumidor o melhor pixé do mundo. São três turnos de trabalho, mais horas extras. Nossas encomendas de pixé chegam de todos os lugares e, por isso, criamos a versão virtual. Nossos clientes possam ir consumindo com os olhos. Não, não adianta insistir. Ninguém fura a fila! Fiquem calmos e façam suas encomendas. Garantimos a entrega no prazo, sem contratempos. Daqui pra frente, nosso trabalho é garantir para o povo o nosso pixé de cada dia.


Ainda não experimentou? Como assim? Não sabe o que é pixé? Não se culpe, ora essa. Pode não ser culpa sua. Pixé é a nossa senha. Não é para saber, é para prazer. Então, mil perdões, mas ninguém aqui dá receita. Muitos já tentaram, fizeram de tudo. Mas nunca o nosso pixé foi imitado, reproduzido com o mínimo do gosto original. A gente sente comendo, a gente come sentindo. Quem não comeu, ainda não pode sentir exatamente o que nós somos. Quem já comeu, mas não sentiu, nunca saberá. É por isso que as encomendas explodiram: cada vez mais gente quer fechar os olhos e se entregar ao prazer sem culpa, ao conhecimento pela experiência.


E não é assim também com a literatura? Um grude? Um vício? Um prazer inconsútil? O prazer é o consumo, não a revelação da receita. Pouco importa ao leitor de que forma o escritor articula suas letras, se não dorme, se não come, se chora ou se transpira. O que se quer é o resultado. Portanto, entregamos esse 1º número de Pixé esperando que você leia, releia, se lambuze e queira mais. O que falta em papel, sobra em qualidade artística e literária. Leia em qualquer lugar, a qualquer hora e compartilhe com os amigos. Nossa publicação é mensal e teremos todo o conteúdo de pixé disponível para consulta.


Nessa edição, vamos devorar o talento de Silvio Sartori. A mescla contemporânea da arte pop é uma colagem de referências. É o talento de Sartori que vai definir a proporção do que é humano e do que é objeto, do que é urbano e do que é rural, do que é fantasia e do que é real. Difícil saber o limite entre uma coisa e outra, principalmente porque a nossa cultura se alimenta de paródias. E isso importa realmente? Basta! Dizer mais que isso é bancar o curador erudito. Não queremos traduzir nada. A nossa proposta é que você simplesmente aprecie.


Pixé acaba de chegar.


Coma com os olhos!

Cuiabá, março/2019

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