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Danielli Cavalcanti
É paraibana, trabalhou quase 10 anos na ONG maiz, em Linz, na Áustria. Desde 2016, mora na Dinamarca, cursa docência para o ensino fundamental e escreve sobre o viver sob o manto e entre a cerca da migração no blog jardimmigrante.wordpress.com. Publicou Flor de Linz (2016), bilíngue português e alemão, o infantil Sopa de Sapo (2018/2019), em português, dinamarquês e alemão; e Quando eu outono, tu primaveras (2018), e É sempre outono na migração (2019), em português e alemão, ambos de poesia.

HÁ DE SE DAR VOLTAS AO SOL​

Há de se dar voltas ao sol
Para que os logradouros da cidade lhe saúdem
As esquinas se arredondem, as ruas se aproximem de você

Há de se dar voltas ao sol
Para que as vozes não lhe causem cacofonia
E você esteja preparada para as quatro estações em um dia

Há de se dar voltas ao sol 
Para aprender o nome das flores e dos pássaros, antes de se despedir deles novamente

Há de se dar voltas ao sol 
Para se acostumar ao clarão das dez horas da noite e à escuridão das quatro da tarde

Há de se dar voltas ao sol 
Para que o vento friorento não lhe cause mais tormento
E você consiga apreciar a sinfonia da neve 

Há de se dar voltas ao sol 
Para traçar seu caminho coronário na cartografia da cidade 
E quanto mais voltas, mais a resposta à pergunta: “de onde você vem?” permanecerá incompleta

Há de se dar voltas ao sol 
Para chegar-se aos lugares aos quais se pertence

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