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Thiago Costa

É historiador. Faz doutorado em Estética e História da Arte pela USP. Autor de “O Brasil pitoresco de J.B. Debret ou Debret, artista-viajante” (RJ, 2016) e organizador – ao lado de Ariadne Marinho – de “O jardineiro de Napoleão. Alexander von Humboldt e as imagens de um Brasil/América (sécs. XVIII e XIX)” (Curitiba, 2019). Docente do IFMT – campus Fronteira Oeste/Pontes e Lacerda. 

TODAS AS PUTAS DO MUNDO​

Para Gabriel García Marques e para seu Joel, o Baiano)

Já era homem feito quando decidiu conhecer todas as putas do mundo. Faria amor com cada uma delas com igual dedicação e zelo, dispondo do carinho e respeito que lhes era de direito. Diria verdades, segredaria mentiras, riria com elas e dedicaria uma atenção terna de amigo e amante. Só assim aceitaria a solidão de uma madrugada sem fim. Mas jamais confessaria seu nome próprio, o verdadeiro, aquele que inventou para si e que usava nas noites de forró, quando conheceu Elisa, e que Rita sussurrava para as paredes do quarto após o gozo. Seria um fantasma. Um cliente regular e indiscriminado entre tantos outros. Surgiria no fim do dia feito um animal faminto e como um animal faminto partiria sem deixar rastros ou saudade. Juntou dinheiro e coragem, despediu-se dos amigos que ainda restavam e beijou pela última vez a avó que o criara desde a nascença. Levou consigo uma mala que pertencera ao avô falecido, uma flor na lapela e o desejo invencível de morrer e de amar, tudo ao mesmo tempo.  

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