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Marta Cocco

É natural de Pinhal Grande-RS, formada em Letras, doutora em Letras e Linguística, professora de Literaturas da Língua Portuguesa na graduação e na pós-graduação da UNEMAT-MT. Faz parte do grupo de pesquisa LER: Leitura, literatura e ensino – UNEMAT/CNPq. Ganhadora de vários prêmios literários, já publicou cinco livros de poemas (Divisas, Partido, Meios, Sete Dias e Sábado ou Cantos para um dia só), dois de crítica literária (Regionalismo e identidades: o ensino da literatura produzida em Mato Grosso, Mitocrítica e poesia), um de contos (Não presta pra nada) e, com este, três infantis (Lé e o elefante de lata, Doce de formiga e SaBichões).

PAIXÃO

Da arte vem aquele
que expõe a julgamento
a sua alma. 
Não há maior chance de 
insolação 
nem maior de hipotermia. 
Isso acontece, de vez em quando, 
com os filhos de Deus, das marias.
Aconteceu com Jesus,
no percurso para a morte, 
quando, já soldado, na cruz,
disse a si mesmo, 
em voz alta: 
“se 
não amardes
a quem não vos ama, 
que recompensa tereis?”

DO QUE O AMOR É CAPAZ 

sei pouco
do que o amor é capaz.
Hoje
ele me virou as costas e disse:
- se quiser, venha me agradar.
Tive vontade de mandá-lo às favas
mas, cheia de dengo,
abanei-lhe o calor
cafunezei seus cabelos.
E ele, manhoso:
- só porque eu reclamei não vale.
Antes de eu protestar, determinou:
- fica fora uma semana
aí você morre de saudade
e volta bonzinha.

EXTRATO

De acúmulos o fim de cada dia se sabe
mas jamais a que ponto chegaram
seus limites de ir e vir a ser.
Saberia qual sol
deixou menos e mais vestígios
no dorso das casas, das cascas?
Creio que não.
Reparo que a varanda da tarde
não coincide com a que se posicionou
para receber o primeiro calor.
Ao avaliar as promissórias
que o tempo tem jogado debaixo da porta
temo pelo arrefecimento dos desejos
que já não se importam
com o melhor canto
para se ter a lua
sem preço à vista.

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