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Marta Cocco

É natural de Pinhal Grande-RS, formada em Letras, doutora em Letras e Linguística, professora de Literaturas da Língua Portuguesa na graduação e na pós-graduação da UNEMAT-MT. Faz parte do grupo de pesquisa LER: Leitura, literatura e ensino – UNEMAT/CNPq. Ganhadora de vários prêmios literários, já publicou cinco livros de poemas (Divisas, Partido, Meios, Sete Dias e Sábado ou Cantos para um dia só), dois de crítica literária (Regionalismo e identidades: o ensino da literatura produzida em Mato Grosso, Mitocrítica e poesia), um de contos (Não presta pra nada) e, com este, três infantis (Lé e o elefante de lata, Doce de formiga e SaBichões).

NA LINHA DO TEMPO DE BANDEIRA, 1918!

Estufando os peitos
guardando a moral
há sapos perfeitos:
Coluna Social!

 

Um bronco afamado,
ao jeito de boi,
rumina animado:
– passado? Não foi!

 

O sapo violeiro
xás cara amuada
diz: bom poeteiro
faz trova rimada!

 

Vede meu coaxo:
sou bem patriota
e dou esculacho
se quebram a nota.

– Apoiado, diz

uma rã contente!
Meu verso é amado
por toda essa gente!

 

Passados cem anos,
mesma tradição:
produtos medianos
levados à mão!

 

Chia às escondidas
(e assim desagrega),
 a rã das antigas:
– a nova me cega?

 

Urra o estatuto!
– refuto, retruco,
truco, seu matuto!

 

Basta, saparia!
Com letras ruins
lagoa arrepia
de tédio e afins!

 

Bem longe da pista
cururu se exalta:
Vida faz o artista
e não a Ribalta! 

 

Sapos-pipas, sapos-
boi, girinos-rei
seus beijos ou tapas
nem ouço, nem sei!

 

Dentro da balbúrdia,
que é arte infinita,
não há estapafúrdia
que censure a grita:

 

na vida mortal
há sede, há fome.

E o nosso ideal
é fama,  é nome?

 

Adeus, redondilhas
são livres meus versos!
Adeus saparia,
meu brejo é diverso!

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