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Lívia Bertges

(1987, Juiz de Fora – MG) é doutoranda em Estudos Literários (UFMT) com estágio sanduíche na Sorbonne Université (Paris, França). É mestra em Estudos Literários (UFMT) e em Langues et Cultures Etrangères (Université Stendhal). Publicou artigos e poemas em revistas, antologias e sites. É editora da revista literária Ruído Manifesto.

CABE?

Cabe?
 
No chão
Abertura frontal:
um tipo de corte –
feito acidente
 
risco desejado,
escrito em vermelho
inscrição de
um instante
miragem.
 
Cabe ao olho
cruzar
boca e pele
Cabe a morte anunciada?
 
Cabe?
 
Cabe a pedra
porosa
suportar
absorver
o peso de tantos
animais?
 
Reduz-se ao nada
na cena:
rato e corvo
tripas e asas
cinza e preto:
autofagia.
 
Cabe na abertura,
um corte,
um sinal:
corvo e rato
realçam-se
no chão
boca absorve.
a pele
suporta
como fibra.
 
Poros
Arrepiam.
Foco contraído
Aproxima.
 
Cabe
Vestígio
coagulado
na paisagem.

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