Amauri Lobo
(55) é artista, sociólogo, jornalista e professor. Não necessariamente nesta mesma ordem. Começou nos anos 1980, na cena de Cuiabá (MT) e já rodou muito, inclusive tendo morado na Alemanha. Faz poesia, música e, a partir da experiência do bando Caximir, enveredou pela multiarte. Publicou livros, impressos e periódicos de poesia. Gravou em vinil e em CD. Prepara-se para lançar trabalho nas plataformas digitais. É ativista da cultura, por quem morre de amores.
SOBRE O LEVE
O PESADO FLUTUA
Faça o mesmo, ao contrário
Dê um sorriso verdadeiro para aquele comentário
Reaja com calma ao ataque daquele adversário
Esbanje alegria, economize o salário
Intua boas energias em ambiente arbitrário
Seja milionário em virtudes mesmo que seja proletário
O mundo de cabeça para baixo cabe bem no seu inventário
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Os dias de fornalha servem pra lembrar
Que viver vale a pena
Mas é difícil
As doenças servem pra nunca esquecermos
Que viver é necessário
Mas é difícil
As privações financeiras servem pra confirmar
Que a vida espiritual é imprescindível
Mas é difícil
Mas, veja:
Se vale a pena, é necessário e imprescindível
Não há dificuldade que apague a beleza da vida!
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Há dias que valem por anos
Há anos que não valem um só dia de arrependimento
Há meses de extrema tempestade
Há momentos de alento em lampejos de lucidez
Há luz e há sombras, estocadas no mesmo celeiro
A nós cabe escolher o fardo certo
Escolhas, a vida é feita de escolhas
(E certo pra cada um de nós nunca é igual)
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Fazendo hora
Fazendo tempo
Fazemos agora o que não dá mais
Mas, tento
Se tentamos, acaba dando
Tanto que nem me esquento
Posto que estamos tentando
Fica claro que estamos fazendo
Um pouco a cada tanto
Um ponto a cada tento
Tanto tento
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Já vi muitas coisas
Já vivi muitas coisas
Já dividi muitas dádivas
Já duvidei muitas dúvidas
E não duvido de mais nada
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Domingos, domingos, sempre escorrem aos pingos.
Melhor assim:
Se fosse uma cachoeira, já seria segunda-feira...