Sérgio Alessandro Soares Fragoso
É graduado em Administração, pós-graduado em Gestão universitária. Servidor público da Universidade do Estado de Mato Grosso – Unemat, desde o ano de 2005. Trabalha na biblioteca do campus de Alta Floresta – MT. Começou a escrever em um blog e publicou alguns livros de informática básica, no ano de 2015 publicou seu primeiro romance de maneira independente e hoje já tem mais de dez histórias publicadas, todas de maneira independente. É membro da Academia Sinopense de Ciências e Letras – ASCL na qual ocupa a cadeira de número 16.
SEXTA-FEITA 13:
UM DIA PARA ESQUECER
Naquele dia Carlos havia planejado sair do trabalho às dezoito horas, passar em casa tomar um banho e depois ir à casa de sua noiva. Mas nada do que ele planejou até aquele momento havia dado certo.
Um monte de imprevistos aconteceu no seu trabalho e o patrão ficou pegando no seu pé o tempo todo. Como consequência, teria que ficar no escritório até mais tarde para resolver todas aquelas pendências. Resultado disso tudo é que ele foi o último a sair do escritório quando já passavam das vinte e uma horas de uma noite muito escura, daquelas que dão medo.
Quando ele foi até a garagem do edifício para pegar seu carro, percebeu que um dos pneus estava furado, tão vazio que era impossível dirigir até uma borracharia. Já não bastava sair tarde do serviço ainda teria que trocar o pneu furado para poder ir embora.
Muito irritado ele abriu o porta-malas e retirou o forro que o protegia para poder pegar o pneu reserva. Tamanha foi sua surpresa ao ver que o pneu reserva estava completamente vazio. Xingou até a sua última geração por não ter verificado isso da última vez que calibrou os pneus do carro. Depois de se acalmar um pouco, Carlos decidiu por deixar o carro ali mesmo. Afinal sua casa ficava muito longe dali, mas a casa da noiva estava a menos de um quilômetro de distância. Passaria a noite lá e na manhã seguinte chamaria o socorro para arrumar os pneus do seu veículo.
O rapaz saiu caminhando tranquilamente pelas ruas da cidade, levou um susto quando um gato preto cruzou correndo em sua frente ao atravessar a rua de um lado para o outro. Logo mais à frente a rua estava cheia de veículos nos dois sentidos e sua única opção era passar por debaixo de uma escada que estava encostada na fachada de um comércio, onde um homem trocava uma lâmpada que estava queimada. Carlos não acreditava em superstição e muito menos nessas coisas de azar. Logo passou por debaixo da escada apenas cuidando para não bater a cabeça e seguiu o seu caminho.
Ele caminhou mais alguns metros dobrando aquela esquina e quando se deu conta já estava com uma arma apontada para si. Um delinquente queria lhe assaltar, levou seu celular e todo o dinheiro que ele tinha na carteira, assim como os seus documentos, não levou as chaves porque não lhe serviriam para nada. Pelo menos ainda tinha as chaves de seu carro — pensou ele já acreditando que não deveria sequer ter saído de casa naquele dia.
Carlos caminhou mais um pouco e parou na esquina até que todos os carros passassem e ele pudesse cruzar a rua. Neste momento um dos veículos passou em uma poça de água e lhe atingiu molhando toda a sua calça. O que mais poderia lhe acontecer? Por sorte Carlos já estava em frente à casa da namorada e agora poderia tomar um banho e ficar namorando com sua noiva para esquecer o dia horrível que teve. Precisava esquecer aquele dia, nada melhor do que fazer isso passando a noite nos braços de sua amada.
A luz da sala estava acesa e a porta da frente não estava trancada, mas apenas encostada. Carlos achou aquilo estranho e entrou em silêncio, caminhou até a cozinha e não havia ninguém por lá. Notou que a luz do quarto estava acessa. Sua noiva deveria estar trocando de roupas para dormir. Afinal já passavam das vinte e duas horas e ela costuma dormir perto desse horário.
O rapaz abriu a porta discretamente para não a assustar, afinal a moça poderia pensar que fosse um bandido. Ela não deveria esquecer a porta destrancada a aquelas horas da noite. A primeira coisa que ele viu foram suas roupas íntimas jogadas pelo chão e outras que Carlos não sabia de quem eram. Ao olhar para a cama sua noiva estava totalmente nua, seus olhos brilhavam como duas esmeraldas. Aquilo não poderia ser verdade, mas era. Suas pernas se enlaçavam ao redor do corpo daquele desconhecido enquanto ela se entregava sem nenhum tipo de pudor. Um estupro? Não, o prazer que ela tinha no rosto era algo que ele jamais viu quando os dois faziam amor.
Carlos pensou em correr até a cozinha e pegar a primeira faca que encontrasse para matar ambos, mas não. Estava imóvel. Aguardou apenas até o momento em que foi notado pelo casal. Não disse uma palavra. Virou as costas e deixou aquela casa para nunca mais olhar para aquela mulher.
Caminhando pela rua, Carlos retornou até a garagem onde deixou o seu veículo. Dormir dentro dele já seria o suficiente para encerrar aquela noite maldita. Quando chegou ao local notou que seu carro não estava lá. Foi roubado! Alguém teve o trabalho de substituir o pneu para depois levá-lo? Aquilo era inacreditável, mas realmente tinha acontecido. Tudo bem que o carro tinha seguro, mas teria muita dor de cabeça até resolver tudo.
Que azar! Carlos não entendia como aquele dia tinha acabado assim. Um dia que deveria ter sido perfeito. Quando ele olhou para a parede e viu um grande calendário nela grudado, quase caiu sentado. Era sexta-feira 13, estava tudo explicado.