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Sabrina Dalbelo 
É gaúcha e reside em Bento Gonçalves. Formada em Direito, é servidora pública, desde 2003. Escritora de contos e poemas, é colaboradora do blog “As Contistas” e integrante do Coletivo Mulherio das Letras Nacional e gaúcho. Já participou de projetos antológicos nacionais e internacionais, assim como tem poesias e contos publicados em páginas literárias eletrônicas. É autora dos livros de poesia “Baseado em Pessoas Reais” (Poesias Escolhidas, 2017) e “Lente de aumento para coisas grandes” (Penalux, 2018). Atualmente, é aluna da Oficina de criação literária Contantes, projeto fomentado pelo Fundo Municipal de Cultura de Bento Gonçalves (2018).

AFRO-DITE

afro-descendente
acre-dite
 

ESTILHAÇOS

Soou como um vidro estilhaçando. 
Foi como uma nota mal arquitetada, sem ritmo. 
Aquilo não era música, era barulho. 
O homem se intimidou com a força e a segurança do
‘NÃO’ 
que veio da boca da mulher. 

O ‘não’ saiu sem dó. 
O ‘não’ ressoou por um tempo, como acorde arranhado de música fúnebre
chegou rasgando os ouvidos mal acostumados dele. 
A mulher deu à própria voz toda a força da sua vontade.
A palavra esbofeteou o desavisado. 
(Plaf!)

O sorriso de canto de boca se desfez e a boca secou. 
Mas o homem não lamentou
porque homem não lamenta, 
homem exige. 

Ouvidos doídos, ele partiu
– pisada sólida sobre os estilhaços. 
A mulher ajeitou a franja nos olhos e assobiou a melodia preferida. 

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